Folha de S.Paulo

Novo ministro defendeu interesse da Petrobras

- RUBENS VALENTE

Ele foi sócio de banca contratada pela estatal

Crítico da Lava Jato, o novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, defendeu interesses da Petrobras no TCU (Tribunal de Contas da União) e foi sócio, até 2014, de um dos principais escritório­s contratado­s pela petroleira. Ministro da Transparên­cia até a semana passada, Jardim disse à Folha, via assessoria, que não irá divulgar os seus clientes porque “os contratos de advocacia são confidenci­ais”.

No TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Jardim foi advogado da ex-governador­a do Maranhão Roseana Sarney (PMDB-MA), cujo pai, o expresiden­te José Sarney (PMDB-AP), é alvo de inquérito derivado da Lava Jato.

Torquato advogou para Roseana durante a campanha presidenci­al de 2002, quando a então governador­a saiu candidata pelo PFL. Ele também defendeu no TSE a exministra Marina Silva (Rede).

A Petrobras é o foco do escândalo desvendado pela Lava Jato. De 2003 a 2016, o escritório de advocacia Siqueira Castro, considerad­o um dos maiores do país, fechou contratos de cerca de R$ 35,8 milhões com a Petrobras.

“Torquato Jardim já atuou como sócio do escritório Siqueira Castro Advogados, encerrando a parceria em 2014. O escritório, porém, não fornece dados sobre processos nos quais atua”, afirmou a assessoria do escritório.

O sistema processual do TCU indica que Jardim atuou como representa­nte legal da Petrobras em diversos procedimen­tos, incluindo auditorias. A assessoria do ministro afirmou à Folha que Jardim “registrou seu impediment­o para exercer a advocacia na OAB-DF, em junho de 2016, quando aceitou assumir o Ministério da Transparên­cia”.

A Petrobras informou que Jardim se afastou das causas envolvendo a estatal no ano de 2014.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil