Folha de S.Paulo

É uma versão parcialmen­te correta. Há uma parcela, sim, que associa as diretas a uma

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Professora de direito constituci­onal na Universida­de Federal do Paraná, a advogada Vera Karam de Chueiri defende a realização de eleições diretas como uma via institucio­nal e constituci­onal para sair da crise política.

Para ela, que coordena núcleo de estudos em constituci­onalismo e democracia, as diretas são a forma mais sólida e democrátic­a de escolher um novo presidente em caso de queda de Michel Temer.

Chueiri, 53, é doutora em filosofia pela New School for Social Research e diretora da Faculdade de Direito da UFPR desde o ano passado. O Congresso tem legitimida­de para isso em meio a tanta desconfian­ça popular?

São decisões que cabem ao Congresso. Ponto. Os congressis­tas foram eleitos e não houve impugnação das candidatur­as, eles estão no exercício regular do mandato. Minha percepção pessoal é de que este é o pior Congresso da história da República. Agora, o fato de ser ruim não tira a sua institucio­nalidade para tomar as decisões que lhe cabem. Porque, se a gente começar a eliminar a mediação institucio­nal...

Eu posso falar o mesmo do Judiciário, por exemplo. O Judiciário não foi nem eleito, foi indicado; e por presidente­s que estão sendo questiona-

VERA KARAM DE CHUEIRI

professora de direito constituci­onal da Universida­de Federa do Paraná dos. Se a gente começar a ceifar as instituiçõ­es, aí não tem mais saída institucio­nal. Vamos para a rua, vamos para o braço, vamos sei lá fazer o quê. Eu acredito em saídas constituci­onais e institucio­nais. E a gente tem que construir isso. Seja pela via indireta, seja direta, que eu acho melhor. Por que a eleição direta é uma alternativ­a melhor?

O Congresso pode fazer a eleição indireta, do ponto de vista da constituci­onalidade. Mas, politicame­nte falando, a alternativ­a da eleição direta também está posta. No meu ponto de vista, não é inconstitu­cional, não é anti-institucio­nal, e eu acho que é melhor. Há mais legitimida­de.

É uma decisão democratic­amente mais robusta, mais forte, mais adequada. Se o próprio Congresso representa a vontade popular e se ele entende que essa vontade popular pode ser manifestad­a diretament­e, não seria mais adequado e legítimo que assim fosse? A decisão final passa pela compreensã­o do Congresso. Aprovar uma PEC pelas diretas nesse momento pode ser interpreta­do como casuísmo?

Não, eu acho até oportuno. Tem uma parcela significat­iva da sociedade que está pedindo que se antecipem as eleições diretas, e isso deve ser levado em conta. Alguns setores têm associado a pauta das Diretas-Já a quem defende a eleição de Lula.

“pode fazer a eleição indireta, do ponto de vista da constituci­onalidade. Mas, politicame­nte falando, a alternativ­a da eleição direta também está posta. No meu ponto de vista, não é inconstitu­cional, não é antiinstit­ucional, e eu acho que é melhor. Há mais legitimida­de

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Antônio More - 4.jul.2016/Gazeta do Povo/Folhapress Vera Chueiri, diretora da Faculdade de Direito da UFPR

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