Candidatos a vaga de Janot atacam delação
Para ex-vice-procuradora-geral, acordo da JBS diferiu do retrospecto da Lava Jato
Candidatos ao cargo de procurador-geral da República, hoje ocupado por Rodrigo Janot, criticaram os termos do acordo de colaboração dos delatores da JBS, que receberam autorização para sair do país.
A isenção de punição despertou críticas contra o Ministério Público Federal no meio político, incluindo do presidente Michel Temer.
Ex-vice-procuradora-geral, Sandra Cureau, que concorre na disputa, disse que o caso gerou surpresa e é “completamente diferente” do histórico da Lava Jato, podendo resultar em impunidade. “Se alguém faz uma delação premiada, não é para que não se sujeite a nenhum tipo de punição. É para que ele possa ter algum benefício. Não simplesmente ‘até logo, vou-me embora.’”
Outro candidato, Eitel Santiago diz que os irmãos Joesley e Wesley Batista não poderiam ter um benefício tão grande e que o “Ministério Público se precipitou”. “Seria o caso de o Supremo Tribunal Federal olhar se não poderia rever essa delação. Esse acordo não merece os benefícios que tiveram.”
Sete dos oito candidatos participaram nesta segunda (29) do primeiro debate promovido pela Associação Nacional do Ministério Público. A votação ocorre em junho.
Questionados pela reportagem, a maioria preferiu não comentar os termos específicos do acordo com a Procuradoria-Geral da República.
Principal tema político do país, a Operação Lava Jato foi assunto secundário no primeiro debate. Questões como restrições orçamentárias e a organização interna da Procuradoria-Geral da República foram alguns dos pontos abordados pelos sete candidatos que compareceram.
A subprocuradora Raquel Dodge mencionou a economia anual que o Ministério Público Federal terá que fazer, de R$ 216 milhões, e disse que o impacto é “profundo” sobre as atividades da instituição.