EUA fazem hoje teste de sistema que intercepta mísseis
Tecnologia da Coreia do Norte, que fez novo lançamento, daria a Washington pouco tempo para responder a ataque
Segundo analistas, sistemas teriam consumido cerca de US$ 330 bilhões em investimentos
O Pentágono prepara o primeiro teste em três anos de seu multibilionário projeto de interceptação de ogivas norte-coreanas, e a esperança é demonstrar que um sistema que registrou resultados positivos em menos de metade dos nove testes anteriores agora está funcionando.
No teste projetado, um foguete interceptador vai ser lançado da costa da Califórnia nesta terça (30) para tentar atingir uma falsa ogiva.
Mas, no exato momento em que o Departamento de Defesa dos EUA busca provar que pode atingir um alvo lançado do outro lado do Pacífico e se movendo em alta velocidade, a Coreia do Norte está apresentando um novo desafio.
Pyongyang conduziu recentemente testes com uma série de mísseis baseados numa tecnologia que daria pouco tempo de alerta a Washington em caso de ataque.
A nova geração de mísseis usa combustíveis sólidos, e eles também podem ser retirados de abrigos em montanhas e lançados em poucos minutos. Isso complica o já difícil trabalho de interceptálos, porque o sistema antimíssil dos EUA funciona melhor caso haja alerta por satélites.
Além disso, os novos mísseis parecem ser funcionais —em testes, os precedentes costumavam explodir ou cair prematuramente no mar.
Embora a Coreia do Norte ainda não tenha testado um míssil balístico intercontinental capaz de cruzar o Pacífico, o país vem afirmando que é capaz de atingir os EUA.
Há a suspeita de que os serviços de inteligência americanos tenham deixado escapar indicações de que os norte-coreanos avançavam na adoção da tecnologia de combustível sólido, o que está forçando Washington a correr para recuperar o atraso.
Na mais recente provocação, Pyongyang testou nesta segunda (29) um míssil balístico de curto alcance. A ação violou resoluções da ONU, mas não representou grande preocupação para os EUA.
A resposta americana, até o momento, incluiu uma campanha secreta de ataques eletrônicos e cibernéticos que o então presidente Barack Obama acelerou três anos atrás, depois de concluir que as defesas contra mísseis tradicionais eram insuficientes.
O teste desta terça envolve as defesas antimísseis mais tradicionais que os EUA tentam fazer funcionar desde a gestão Eisenhower (1953-61).
Mas é o primeiro a ocorrer desde que Donald Trump assumiu prometendo “resolver” o problema da Coreia do Norte, reforçando as sanções econômicas e elevando a pressão militar contra Pyongyang. DIFICULDADES Trump está descobrindo o que Obama já sabia: interceptar mísseis intercontinentais sobre o Pacífico é imensamente difícil. As ogivas se movimentam extraordinariamente rápido, a mais de 6,5 quilômetros por segundo.
Em guerra, interceptadores no Alasca e na Califórnia seriam lançados e disparariam projéteis de alta aceleração para obliterar as ogivas inimigas pela força do impacto —especialistas descrevem esse processo como “atingir uma bala com uma bala”.
Analistas estimam que mais de US$ 330 bilhões (cerca de R$ 1,1 trilhão) tenham sido investidos nos sistemas.
PAULO MIGLIACCI