14 investigados na Greenfield se tornam réus
Operação apura prejuízo em fundos de pensão; Vaccari é um dos que tiveram denúncia aceita
A Justiça Federal em Brasília aceitou a primeira denúncia contra a antiga cúpula da Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa, e ex-dirigentes da Engevix, em esquema de desvios apurado pela Operação Greenfield.
Segundo decisão de quarta-feira (24), divulgada nesta segunda (29), 14 pessoas passam à condição de réus por crimes como corrupção ativa, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira, apropriação indébita e emissão de títulos sem lastro ou garantia.
A investigação apurou desvios do fundo por meio de investimentos na empresa Cevix Energias Renováveis, de propriedade da Engevix. De setembro de 2009 a agosto de 2010, foram aportados R$ 260,7 milhões em cotas de participação na empresa.
Segundo o Ministério Público Federal, a empresa teria sido supervalorizada com laudos fraudulentos e sem parecer técnico da controladoria do Funcef.
Dois dos denunciados são ex-presidentes do fundo: Guilherme Narciso de Lacerda e Carlos Alberto Caser. Roberto Carlos Madoglio é ex-superintendente de fundos de investimentos da Caixa.
José Carlos Alonso Gonçalves é sócio da Engevix, assim como Cristiano Kok.
O lobista Milton Pascowitch, delator da Lava Jato, também foi denunciado.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso pela Lava Jato, também virou réu. As investigações apontaram que parte do dinheiro supostamente desviado do fundo teria ido para contas do partido.
De acordo com a denúncia, o prejuízo ao Funcef com a operação foi de R$ 402 milhões. No decorrer do esquema, os dirigentes da Engevix teriam desviado R$ 63 milhões que seriam investidos na empresa (R$ 5,9 milhões repassados ao PT).
É a primeira vez que uma denúncia é aceita no âmbito desta operação.
A Greenfield, cuja primeira fase foi deflagrada pela PF em 5 de setembro de 2016, investiga supostos prejuízos em fundos de pensão de funcionários de empresas estatais.
A investigação focou os quatro maiores fundos de pensão do país: Funcef, Petros, Previ e Postalis. Na primeira fase, foram determinados o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e recursos bancários de 103 pessoas físicas e jurídicas, num total aproximado de R$ 8 bilhões.
Sua segunda fase ocorreu em 3 de março. Entre os principais alvos estavam os irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo J&F, que estão no centro da crise que atinge o governo Temer. Os dois são investigados, mas não há denúncia aceita contra eles.
Segundo a PF, os delatores fariam parte de um suposto esquema de cooptação de testemunhas que poderiam ocultar provas úteis no esclarecimento dos crimes.