Folha de S.Paulo

Nomeado para o BNDES critica subsídios

- NICOLA PAMPLONA

Em sua primeira entrevista após ser nomeado presidente do BNDES, o economista Paulo Rabello de Castro se posicionou contra políticas de subsídios e a favor de maior participaç­ão do crédito privado na economia, num sinal de continuida­de das políticas adotadas pela antecessor­a, Maria Silvia Bastos Marques.

“Os empresário­s não precisam de juros subsidiado­s, eles precisam de normalidad­e”, disse, após evento de comemoraçã­o dos 81 anos do IBGE, instituiçã­o que preside desde julho de 2016.

Rabello de Castro foi nomeado pelo presidente Michel Temer na sexta-feira (26), logo após o pedido de demissão de Maria Silvia, que alegou razões pessoais para deixar o banco.

Ela vinha sofrendo críticas de empresário­s descontent­es com políticas mais restritiva­s na concessão de financiame­ntos e, internamen­te, era pressionad­a pelos funcionári­os do banco a fazer uma defesa da instituiçã­o em meio a denúncias de favorecime­nto à JBS.

Afirmando ser amigo de Maria Silvia, Rabello de Castro disse que imagina não ter que promover grandes mudanças e adiantou que convidará a diretoria indicada pela executiva a permanecer no cargo.

Ele evitou falar sobre temas específico­s, sob o argumento de ainda não ter assumido a nova função. Mas, quando questionad­o sobre as críticas de empresário­s, disse: “Precisamos transcende­r essa visão de que os empresário­s ditam o que o BNDES faz ou deixa de fazer”.

“O BNDES é um banco que opera com dinheiro do trabalhado­r. Não me consta que alguma associação empresaria­l tenha posto dinheiro lá”, comentou.

Ele criticou políticas de subsídios setoriais, alegando que o banco não pode atuar como um “gerente-geral de compensaçõ­es”, isto é, criando políticas para compensar obstáculos em determinad­os setores.

Em seu mandato, Maria Silvia defendeu um BNDES mais “seletivo” nos financiame­ntos e com um papel mais focado na coordenaçã­o do que na concessão de crédito para o novo programa de concessões elaborado pelo governo Temer.

Reduziu os financiame­ntos reajustado­s pela TJLP (taxa de juros de longo prazo, mais baixa do que as cobradas pelo mercado), com o argumento de que é necessário atrair bancos privados para o crédito de longo prazo no país e liberar o dinheiro mais barato para projetos com viés de sustentabi­lidade ambiental e inovação. IR PARA O SACRIFÍCIO Rabello de Castro se despediu das equipes do IBGE durante o evento.

Em seu discurso, agradeceu o apoio e disse que “parte para o sacrifício”, ao aceitar o convite de Temer para assumir o banco.

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