Nomeado para o BNDES critica subsídios
Em sua primeira entrevista após ser nomeado presidente do BNDES, o economista Paulo Rabello de Castro se posicionou contra políticas de subsídios e a favor de maior participação do crédito privado na economia, num sinal de continuidade das políticas adotadas pela antecessora, Maria Silvia Bastos Marques.
“Os empresários não precisam de juros subsidiados, eles precisam de normalidade”, disse, após evento de comemoração dos 81 anos do IBGE, instituição que preside desde julho de 2016.
Rabello de Castro foi nomeado pelo presidente Michel Temer na sexta-feira (26), logo após o pedido de demissão de Maria Silvia, que alegou razões pessoais para deixar o banco.
Ela vinha sofrendo críticas de empresários descontentes com políticas mais restritivas na concessão de financiamentos e, internamente, era pressionada pelos funcionários do banco a fazer uma defesa da instituição em meio a denúncias de favorecimento à JBS.
Afirmando ser amigo de Maria Silvia, Rabello de Castro disse que imagina não ter que promover grandes mudanças e adiantou que convidará a diretoria indicada pela executiva a permanecer no cargo.
Ele evitou falar sobre temas específicos, sob o argumento de ainda não ter assumido a nova função. Mas, quando questionado sobre as críticas de empresários, disse: “Precisamos transcender essa visão de que os empresários ditam o que o BNDES faz ou deixa de fazer”.
“O BNDES é um banco que opera com dinheiro do trabalhador. Não me consta que alguma associação empresarial tenha posto dinheiro lá”, comentou.
Ele criticou políticas de subsídios setoriais, alegando que o banco não pode atuar como um “gerente-geral de compensações”, isto é, criando políticas para compensar obstáculos em determinados setores.
Em seu mandato, Maria Silvia defendeu um BNDES mais “seletivo” nos financiamentos e com um papel mais focado na coordenação do que na concessão de crédito para o novo programa de concessões elaborado pelo governo Temer.
Reduziu os financiamentos reajustados pela TJLP (taxa de juros de longo prazo, mais baixa do que as cobradas pelo mercado), com o argumento de que é necessário atrair bancos privados para o crédito de longo prazo no país e liberar o dinheiro mais barato para projetos com viés de sustentabilidade ambiental e inovação. IR PARA O SACRIFÍCIO Rabello de Castro se despediu das equipes do IBGE durante o evento.
Em seu discurso, agradeceu o apoio e disse que “parte para o sacrifício”, ao aceitar o convite de Temer para assumir o banco.