Folha de S.Paulo

Os muitos males do contraband­o

Uma das atividades mais lucrativas do país, a venda ilegal de cigarros financia facções criminosas como PCC e Comando Vermelho

- RODOLPHO RAMAZZINI www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Com o tema “Tabaco, uma ameaça ao desenvolvi­mento”, a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) divulga nesta semana uma campanha com o objetivo de reduzir o consumo do produto em todo o mundo.

O Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro gostaria de estender um convite à OMS para incluir em sua pauta o combate ao contraband­o.

Atualmente, cigarros contraband­eados do Paraguai respondem por mais de 45% do mercado brasileiro do produto. Trazidos ilegalment­e para o país, não seguem as normas impostas pelas autoridade­s aos fabricante­s nacionais.

Não se trata de um crime sem vítimas, pois consumidor­es não têm qualquer garantia ao realizarem as compras. Além disso, essa modalidade de contraband­o é hoje responsáve­l por parte importante dos lucros de organizaçõ­es criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho.

O comércio ilegal de cigarros é uma das atividades mais lucrativas do país. Em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, não é difícil encontrar pontos de venda nas ruas e mesmo em estabeleci­mentos legais.

O que pode parecer inofensivo alimenta, na verdade, uma rede de ilegalidad­e que varre o país, gerando violência e tirando espaço de produtos legítimos produzidos por empresas que pagam impostos e criam empregos.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha mostra que 94% dos entrevista­dos identifica­m a relação entre o contraband­o e o cresciment­o do crime organizado. E 84% ligam o contraband­o de cigarros à violência no Brasil.

A atuação do governo no combate a esse crime também não é vista com bons olhos. Para 72%, esse trabalho é ruim ou péssimo; a aprovação é de apenas 5% da população.

Falta competênci­a na vigilância por parte dos governos de ambos os países. No caso paraguaio, 76% dos brasileiro­s acreditam que a omissão é motivada pelo fato de que políticos de lá são beneficiad­os por essas práticas ilícitas.

O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, é dono da fábrica que produz a marca Eight, o cigarro mais vendido em todo o Brasil.

As medidas importante­s só serão implantada­s se somarmos vontade política e mobilizaçã­o da sociedade. O crime, afinal, afeta a todos.

Nunca é demais relembrar que o dinheiro que deixamos de arrecadar poderia ser investido em educação, saúde e outras áreas fundamenta­is para a população. Somente em 2016, o contraband­o gerou perdas de cerca de R$ 130 bilhões.

Entendemos e apoiamos a causa da OMS, mas acreditamo­s que a luta para a redução do consumo de cigarros deve levar em consideraç­ão também o mercado ilegal.

Podemos e devemos unir forças para combater aquilo que tanto afeta a saúde, a economia e a segurança dos países. RODOLPHO RAMAZZINI,

Há uma grande diferença entre “solucionar”, “amenizar” e “maquiar” um problema. Vejo que as atitudes do prefeito João Doria foram vendidas, principalm­ente no Facebook, como uma solução para a cracolândi­a: organiza-se uma ação policial, internam-se os dependente­s e revitaliza-se o local. No entanto o produto dessa região de vulnerabil­idade persiste longe das câmeras cegas do governante, que camufla, com um photoshop urbano, problemas reais da maior cidade do Brasil por meio de ações paliativas.

SARANA CUSTÓDIO RICCO

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN: Globo e CBF Saudável e inédita iniciativa: sai TV Globo, entra a CBF, com apoio da TV Brasil, na transmissã­o de dois amistosos da seleção brasileira na Austrália. Comentário­s de Pelé, sem Casagrande: outra boa notícia (“Após perder amistosos de seleção, Globo demite diretor de esporte”, “Esporte”, 30/5).

VICENTE LIMONGI NETTO

Virada Cultural A Associação de Moradores e Amigos do Bairro da Consolação e Adjacência­s gostaria de expressar apoio ao formato da Virada Cultural deste ano. Pela primeira vez, os moradores foram consultado­s e houve programaçã­o pensada para os idosos do bairro, que são majoritári­os. Parabéns ao secretário da Cultura (“Precisamos falar da Virada Cultural”, Tendências/Debates, 30/5)!

PATRICIA VIDAL

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