‘É melhor ter alguém condenado do que ninguém’, afirma Moro
FOLHA,
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O juiz Sergio Moro fez nesta terça (30) uma defesa do mecanismo das delações premiadas e afirmou que “é melhor ter alguém condenado do que ninguém condenado”.
“É melhor você ter um esquema de corrupção descoberto e algumas pessoas punidas do que ter esse esquema de corrupção oculto pra sempre”, avaliou, em um debate sobre combate à corrupção em Portugal.
“Esse processo do Brasil foi extremamente importante para a expansão das investigações. A utilização desse instrumento leva também a uma quebra de confiança dentro desses grupos criminosos. Acaba tendo um efeito disruptivo.”
O juiz, responsável pela Operação Lava Jato em primeira instância, disse ainda que a corrupção prejudica a economia e a democracia ao afetar a confiança da população nos governantes.
Aplaudido de pé no momento de sua chegada, Moro dividiu o palco com Antonio di Pietro, que foi procurador da Mãos Limpas, operação italiana de combate à corrupção, e Carlos Alexandre, juiz da operação Marquês, que investiga desvios envolvendo o mundo político em Portugal. BLOGUEIRO Moro se declarou suspeito e deixou de atuar no caso envolvendo o blogueiro Eduardo Guimarães, ligado à esquerda. Em março deste ano, o juiz havia determinado a condução coercitiva de Guimarães, além de ter quebrado o sigilo de comunicação dele. A operação apurava o suposto vazamento de investigações contra o ex-presidente Lula.
A decisão de Moro responde a um pedido apresentado pela defesa do blogueiro, que argumentava existir “inimizade capital e notória” entre os dois, já que eles têm contra si processos na Justiça.
Ainda na decisão, de 26 de maio, o juiz afirma que nem “sequer se lembrou dos fatos” que eram objeto de um inquérito policial ou “da petição enviada pelo ora julgador [Moro]”.
Guimarães levou uma denúncia contra Moro ao Conselho Nacional de Justiça em 2015. Já o juiz endossou representação da Associação Paranaense dos Juízes Federais que acusou o blogueiro do crime de ameaça, por causa de mensagens a Moro em redes sociais. Guimarães diz que houve uma interpretação equivocada.
(GIULIANA MIRANDA E MÔNICA BERGAMO)