E, no início do mês, Trump demitiu o então diretor do FBI James Comey.
DE WASHINGTON
O diretor de comunicação da Casa Branca, Mike Dubke, anunciou nesta terça (30) sua renúncia, no que seria, segundo a imprensa americana, a primeira de uma série de mudanças na equipe mais próxima ao presidente Donald Trump em meio a escândalos envolvendo seus assessores e a Rússia.
De acordo com integrantes do governo citados sob anonimato, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, também poderia sair e ser substituído por sua vice, Sarah Sanders, ainda nesta semana.
A reviravolta na equipe de comunicação seria uma tentativa de responder à cobertura dos principais jornais, que têm trazido quase diariamente revelações envolvendo a investigação do FBI sobre possível elo da equipe de Trump com Moscou.
Quase todas as reportagens têm base em vazamentos provenientes do governo, o que tem irritado o presidente. Para especialistas, porém, o grande problema não está na equipe de comunicação, mas no Salão Oval.
Antes mesmo da posse, a conservadora Jennifer Rubin, colunista do “New York Times”, descreveu a função de Spicer como o “pior trabalho da cidade”. “Ele tem a desagradável tarefa de explicar o que seu chefe diz —antes de ser cortado pelo próximo tu- íte de Trump ou por outra confusão”, escreveu.
Dubke, 47, assumiu em março, após 40 dias em que Spicer acumulou as funções de porta-voz e diretor de comunicação. A demora para preencher o posto já sinalizava quão difícil seria encontrar alguém que se adequasse e aceitasse o cargo.
Nesta terça, um estrategista republicano descreveu à CNN o trabalho de Dubke como “impossível”. Sua função era coordenar a estratégia de comunicação da Casa Branca, e ele estava acima de Spicer —apesar de ser o portavoz quem diariamente responde aos jornalistas.
“É mais difícil assumir essa função sob Trump porque ele é totalmente indisciplinado em sua própria comunicação, em geral se contradiz e faz acusações que não podem ser comprovadas”, afirma Robert Entman, professor de Comunicação Política da George Washington University.
O especialista observa ainda que Trump não estabeleceu uma clara hierarquia na área, com outros assessores —como Kellyanne Conway— muitas vezes assumindo a função de responder à imprensa. Para Entman, substituir Dubke ou Spicer “não fará diferença” para Trump, “a não ser que ele próprio mude seu comportamento”.
Ainda não está claro quem entrará no lugar de Dubke e quanto tempo ele ainda permanecerá no cargo —o diretor apresentou a carta de renúncia no dia 18. Essa foi a terceira mudança em altos postos do governo. Em fevereiro, o conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn caiu em um escândalo, INSATISFAÇÃO Os rumores de que o presidente estaria insatisfeito com Spicer e a equipe de comunicação não são novos e já viraram motivo de piada em programas humorísticos.
Nesta terça, o porta-voz teve mais uma entrevista tensa com os jornalistas, em que negou rumores de mais mudanças e disse que o que mais incomoda Trump são as notícias falsas, não sua equipe.
Além da relação complicada com a mídia, Spicer acumula gafes, como quando sugeriu que o regime sírio era pior do que o de Adolf Hitler, porque o líder nazista “não teria usado armas químicas”. Teve que se retratar em frente às câmeras.