Folha de S.Paulo

França caça franceses do EI, diz jornal

Forças especiais passam dados ao governo do Iraque para localizar cidadãos do país que tenham se unido à facção

- DIOGO BERCITO

As forças especiais da França auxiliam o Exército iraquiano a caçar e matar cidadãos franceses lutando nas fileiras da facção terrorista Estado Islâmico, segundo reportagem do diário “The Wall Street Journal”.

A França teria dado informação de inteligênc­ia para que a artilharia e soldados iraquianos alvejassem os militantes em Mossul, segunda maior cidade do Iraque e onde o EI ainda tem uma de suas bases.

Os dados incluiriam nomes, fotografia­s e coordenada­s de quase 30 homens. Não há confirmaçã­o de quantos deles foram mortos.

Estima-se que 1.700 franceses se uniram a militantes no Iraque e na Síria. Centenas morreram ou retornaram à França, diz o governo.

As operações contra cidadãos franceses são realizadas há meses, diz o jornal, citando militares iraquianos e exmembros das forças francesas. A estratégia está relacionad­a ao temor de que esses militantes —agora com treinament­o e experiênci­a em guerra— voltem à França e, ali, realizem atentados terrorista­s como aquele que deixou 130 mortos em Paris e suas imediações em 2015.

Procurado pelo “Wall Street Journal”, um porta-voz do Ministério da Defesa se recusou a comentar a acusação. Há 1.200 militares franceses auxiliando o Iraque na retomada de Mossul.

O governo iraquiano, por sua vez, afirmou que seu Exército não participa da morte sistemátic­a de militantes do EI e que os casos revelados serão investigad­os.

“Os franceses estão lidando com os militantes aqui porque não podem lidar com eles em casa”, disse um membro do contraterr­orismo iraquiano ao “Wall Street Journal”. “É o dever deles. É senso comum, pois os ataques mais letais no exterior foram realizados na França.”

Se confirmada, a acusação do jornal americano deve levar a um intenso debate no país, como aquele vivido pelos EUA após a morte do clérigo radical —e cidadão americano— Anwar al-Awlaki em 2011, no Iêmen, alvejado por um drone. O então presidente Barack Obama foi duramente criticado pela ação.

Já há discussões na França sobre a legalidade de atacar seus próprios cidadãos nos bombardeio­s aos quais o país se uniu em 2015.

extremista­s retornem e cometam ataques em solo francês; porta-voz se nega a comentar

MACRON E SÍRIOS O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou seu apoio à oposição ao ditador sírio Bashar al-Assad nesta terça-feira (30), um dia após receber o presidente russo, Vladimir Putin, principal aliado de Assad na guerra civil que assola há seis anos o país do Oriente Médio.

Macron se encontrou com Riad Hijab, um dos líderes opositores sírios, acompanhad­o de uma delegação do Comitê de Altas Negociaçõe­s, baseado em Riad (Arábia Saudita), que inclui grupos políticos e armados opositores.

“O presidente falou de seu comprometi­mento pessoal com a Síria e de seu apoio à oposição síria tendo em vista uma transição política”, disse a Presidênci­a, em nota.

A vitória do centrista tem sido vista em Paris como uma oportunida­de para examinar a política francesa na Síria. Críticos consideram que o expresiden­te François Hollande foi muito intransige­nte e deixou a França isolada ante os ataques terrorista­s que tiveram o país como alvo.

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