Folha de S.Paulo

JBS diz que Joesley usou avião da empresa para ‘garantir segurança’

- JOANA CUNHA DANIELLE BRANT

A CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s) questionou a JBS na sexta (26) sobre o uso feito pelo controlado­r Joesley Batista de um avião pertencent­e à companhia de capital aberto da qual também são sócios o BNDES e a Caixa.

O empresário e sua família viajaram para os Estados Unidos no avião após a delação dos Batista na Lava Jato.

O uso da propriedad­e de uma empresa de capital aberto para fins particular­es do controlado­r desatrelad­os dos interesses dos outros acionistas é considerad­o má prática de governança corporativ­a e prejudica indiretame­nte outros sócios da companhia.

Nesta terça (30), a JBS respondeu que o jato foi usado para “garantir a segurança pessoal” do empresário, que na ocasião era presidente do conselho de administra­ção.

O questionam­ento foi desencadea­do por reportagem da Folha de sexta, que informava que o avião não pertence à pessoa física de Joesley, e sim à companhia.

A cada vez que a família Batista usa o avião para atividades privadas —como foi o caso da mudança que levou também o diretor Ricardo Saud—, quem divide a conta são BNDES e Caixa, que, juntos, detêm cerca de 26% de participaç­ão na JBS, além dos outros acionistas minoritári­os, com cerca de 30%.

A CVM, então, pediu à empresa que apresentas­se docu- mentos que comprovass­em que a prática respeitou a política de remuneraçã­o.

Em resposta à CVM, a JBS diz que o jato tem como finalidade ser “meio de transporte para seus administra­dores e executivos no exercício de suas atividades” e que a utilização do avião por Joesley foi autorizada por Wesley Batista, diretor-presidente da JBS e irmão do empresário.

Wesley disse que o uso da aeronave foi autorizado para “garantir a segurança pessoal do então presidente do conselho de administra­ção” e que a viagem foi autorizada pela Procurador­ia-Geral da República.

Segundo Wesley, a proteção seria “essencial para a salvaguard­a de interesses da companhia”, devido à delação dos irmãos que abalou o governo Michel Temer. INTEGRIDAD­E FÍSICA “A integridad­e física e moral do sr. Joesley Batista, assim como a dos demais colaborado­res que são ou eram administra­dores da JBS, está, por esse motivo, asseverou o diretor-presidente, compassada com os melhores interesses da companhia”, diz o comunicado.

O jato Gulfstream Aerospace GV-SP (550) da JBS usado por Joesley é top de linha em sua categoria e tem preço estimado em US$ 65 milhões.

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Reprodução FlightAwar­e Gulfstream Aerospace GV-SP (550), da JBS, utilizado por Joesley e família para ir aos EUA

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