ANÁLISE Flip vai às margens com nomes menos conhecidos
A programação da próxima edição da Flip mostra uma festa literária diferente dos outros anos. Em vez de se ancorar em grandes estrelas internacionais, a curadoria desta vez traz autores menos conhecidos no país e uma profusão de pequenas editoras.
Entre os convidados, estão dois ganhadores do Man Booker Prize: Marlon James e Paul Beatty.
A literatura anglo-americana e os autores consolidados no mercado falante do idioma, que costumam estar no centro das atenções, terão menos espaço. Só quatro convidados escrevem nessa língua: além dos ganhadores do Booker, a sul-africana Deborah Levy, e o americano William Finnegan, jornalista ganhador do Pulitzer ano passado.
Assim, a curadoria aposta em nomes pouco conhecidos no país, como a chilena Diamela Eltit, a ruandesa Scholastique Mukasonga e o islandês Sjón. É como se a Flip tivesse renunciado a um lado mais comercial da vida literária.
O perfil das editoras também mudou. A Companhia das Letras, que costuma liderar no número de convidados e pautar os grandes debates, continua na frente, mas perdeu protagonismo.
Outro destaque é a busca por diversidade, ponto em que costumava receber críticas. Assim, é possível esperar uma Flip feminina e negra. Pela primeira vez, o número de mulheres convidadas ultrapassa o de homens: elas são 24 — eles são 22. Além disso, 30% dos convidados são negros.
A programação se relaciona à trajetória de Lima Barreto, o homenageado. O autor não teve reconhecimento em vida, não só por ter produzido uma literatura contra o establishment da época, mas também pelo racismo. Ele também se dedicou a representar os tipos marginais da sociedade.