Ser seguido, mas me policio constantemente. A gente tem que trazer isso para consciência o tempo todo.
FOLHA
No réveillon de 2000 para 2001, Tabata Contri, 36, sofreu um acidente grave de trânsito. Ela estava de carona no carro de um amigo, sentada no banco de trás —sem cinto de segurança. Como consequência, perdeu os movimentos das pernas.
Quatro anos depois, já estava dirigindo e havia voltado a trabalhar. Foi gerente de loja, atriz e, por fim, fundou com uma amiga a Talento Incluir, empresa de RH que busca levar pessoas com deficiência para o mercado. Ela explica como é esse trabalho. Como foi voltar a trabalhar como cadeirante?
Percebi que não era a deficiência que definia o que eu podia ou não fazer. Antes do acidente, eu era gerente de uma loja. Voltei para o mercado na mesma função, só que para uma marca de cadeiras de rodas e veículos adaptados. Quais problemas enfrentou?
Trabalhar com vendas era tranquilo, mas tive que aprender a lidar com a deficiência, como questões fisiológicas, ligadas ao banheiro. Quando comecei a ganhar dinheiro, fui estudar teatro. Larguei a loja e tentei viver como atriz. Passei fome, né [risos].
Primeiro, há um alto índice de desemprego no segmento. Segundo, conforme pesquisa que fizemos, era encontrar vagas de acordo com o perfil e ter oportunidade de carreira nas empresas. Um dos dados mais impactantes foi que 40% reclamaram de discriminação no trabalho, como gente imitando um modo de andar. E no caso do empregador?
As empresas disseram que a maior restrição era a falta de acessibilidade. Não é algo muito relevante para quem tem deficiência, porque estamos acostumados a isso desde que saímos da porta de casa. Qual a melhor solução?
O empregador tem que entender quem está contratando. Às vezes, acha que o custo da acessibilidade é muito alto sem saber qual a necessidade de quem vem.
Outra resposta comum é que eles não encontram profissionais capacitados no mercado, o que é verdade. Se a pessoa com deficiência estivesse em pé de igualdade com as outras, não seria preciso lei para contratar esse tipo de profissional. Nosso desafio é trazer a pessoa que não está 100% pronta.