Autor de ataque agiu sozinho, diz polícia
DE MADRI
Uma projeção divulgada nesta quarta-feira (31) sugere que a primeira-ministra britânica, Theresa May, pode perder a maioria parlamentar nas eleições de 8 de junho.
A previsão, feita pela empresa YouGov, destoa de outras pesquisas recentes e deve ser recebida com cautela, diante das rápidas mudanças na intenção de voto.
Mas a perspectiva deve preocupar o governo, que há algumas semanas esperava vencer com folga a votação.
A pesquisa, com base em 50 mil entrevistas durante uma semana, aponta que o Partido Conservador teria 310 assentos, menos do que os 331 conquistados em 2015. O Parlamento tem 650 vagas.
O Partido Trabalhista, de oposição, levaria 257 assentos, em comparação aos 232 de 2015, afirma a sondagem.
O cálculo, no entanto, pode ser bastante impreciso. Os assentos são decididos por distrito, e não apenas pela porcentagem geral de voto.
Apesar da previsão de 310 assentos aos conservadores, a margem é ampla: a mesma pesquisa diz que o número pode ir desde 274 até 345.
Outras empresas fazem previsões bastante distintas, chegando a projetar uma esmagadora vitória conservadora, com 371 assentos.
Na dúvida, a libra esterlina desvalorizou quando os mercados abriram na Ásia, caindo para US$ 1,278, seu pior valor desde a convocação das eleições, em abril. ‘BREXIT’ É um momento bastante delicado para o governo conservador perder sua maioria e viver uma crise política.
As negociações formais para o “brexit” devem começar em junho, retirando o Reino Unido da União Europeia, como decidido por um voto popular em 23 de junho de 2016 —um cenário que, aliás, contrariou as pesquisas divulgadas à época.
Ao convocar as eleições antecipadas, May esperava ampliar o número de parlamentares e, assim, ter uma margem de manobra mais ampla para decidir os termos da saída do bloco. Ela quer deixar também o mercado único europeu, que congrega 500 milhões de consumidores.
Perdendo a maioria, May enfrentaria uma crise de liderança no partido, no qual ela esperava se consolidar. Questionada por um repórter so- bre isso nesta quarta, ela afirmou: “Há apenas uma pesquisa que importa: são as eleições deste 8 de junho”.
Sua campanha tem sido criticada por uma série de propostas sociais impopulares, entre elas aumentar os gastos com o cuidado de idosos. A medida foi apelidada de “imposto sobre a demência” por seus oponentes.
Outro ponto de desgaste foi sua estratégia de se aproximar dos eleitores tradicionais do Partido Trabalhista, com propostas mais à esquerda de sua legenda.
Com isso, ela não convenceu parte do público e alie- nou a própria base, segundo analistas.
Outra crítica feita a May é sua distância em relação aos eleitores. Ela se recusou a participar de um debate público com o rival, o trabalhista Jeremy Corbyn, nesta quarta-feira. Ele disse que a primeira-ministra boicotou o evento ao enviar a ministra do Interior, Amber Rudd.
Houve duros embates entre Corbyn e Rudd nas discussões, que incluíram os líderes dos demais partidos. Rudd afirmou que o trabalhista quer aplicar uma “economia fantasiosa”. Ele insistiu na ausência de May.
DAREUTERS
Homem-bomba responsável pelo atentado em Manchester, Salman Abedi provavelmente comprou os principais componentes da bomba e realizou a maior parte das ações sozinho, afirmou a polícia nesta quarta-feira (31).
Policiais da cidade britânica prenderam 16 suspeitos —três foram liberados sem acusações— desde o ataque na saída do show de Ariana Grande, que matou 22 pessoas, incluindo crianças e adul- tos, e deixou 116 feridos.
“Nossos inquéritos mostram que o próprio Abedi fez a maior parte das compras dos componentes centrais e o que está se tornando aparente é que muitos de seus movimentos foram realizados só por ele durante os quatro dias desde que ele aterrissou no país até quando cometeu esse terrível ataque”, disse Russ Jackson, chefe da unidade antiterror.
A polícia tem investigado as últimas ações do homembomba, analisando seus te- lefonemas e assistindo a seus movimentos em circuitos fechados de televisão.
Autoridades ainda tentam determinar se Abedi fazia parte de uma rede maior, o que ainda não foi descartado. A milícia terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria da explosão.
Cidadão britânico de família líbia, Abedi, 22, havia visitado o país norte-africano recentemente, onde as autoridades suspeitam que ele tenha tido contato com extremistas do Estado Islâmico.