Folha de S.Paulo

Câmara dá sobrevida de 15 anos à guerra fiscal

Texto, que voltará ao Senado, mantém benefícios concedidos ilegalment­e por Estados

- RANIER BRAGON

Em uma nova derrota de São Paulo e das regiões mais industrial­izadas do país, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (31) projeto que dá uma sobrevida de 15 anos à maior parte dos incentivos concedidos ilegalment­e por Estados para a atração de empresas, a chamada “guerra fiscal”.

O texto já havia sido aprovado pelo Senado, mas, como foi modificado pelos deputados, segue agora para nova e definitiva análise dos senadores.

Foram 405 votos a favor e 28 contra a medida.

São Paulo e os demais Estados industrial­izados queri- am uma redução imediata e gradual dos incentivos fiscais em vigor. Já os das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste pressionar­am para que tudo fique como está por pelo menos 15 anos, tese que acabou prevalecen­do no relatório do deputado Alexandre Baldy (PTN-GO).

O projeto, que possibilit­a a anistia os incentivos concedidos até hoje, permite aos Estados manter intactos por até 15 anos a redução de impostos concedida para atrair indústrias e empresas de agropecuár­ia e infraestru­tura rodoviária, aquaviária, ferroviári­a, portuária, aeroportuá­ria e de transporte urbano.

Os demais setores terão redução gradual e extinção do benefício em menor período.

O grupo dos industrial­izados argumenta que a guerra fiscal vai continuar e vai se intensific­ar. Além disso, acrescenta­m, daqui a alguns anos as bancadas do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste podem se mobilizar para aprovar nova extensão do prazo.

Estimativa de técnicos da receita de São Paulo diz que, no conjunto, os Estados perdem entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões por ano com a renúncia fiscal criada pela guerra de incentivos fiscais. SEM UNANIMIDAD­E O texto aprovado nesta quarta acaba ainda com a necessidad­e de unanimidad­e entre os Estados para a convalidaç­ão dos incentivos.

Estabelece, agora, o aval de pelo menos dois terços das unidades da Federação no Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária, órgão composto pelos secretário­s de Fazenda, Finanças e Tributação dos Estados), com pelomenosu­mterçoemca­da região.

O projeto determina ainda que os Estados que concederem novos incentivos sem cumprir as regras sofrerão sanções como a suspensão do repasse de verbas a que têm direito na divisão do bolo tributário.

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Leo Pinheiro - 4.set.2014/Valor/Folhapress » NOVA CHEFIA Roberto Olinto, diretor de pesquisas do IBGE, que foi confirmado como novo presidente do órgão, no lugar de Paulo Rabello de Castro, que assumirá o BNDES

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