Em 12 meses de Temer, país ganha 2,6 milhões de desempregados
Taxa de desemprego alcançou 13,6% em abril, ante 11,2% um ano antes, de acordo com IBGE
Melhora do emprego vem sendo celebrada pelo governo, mas dados do IBGE não dão sinais de otimismo DO RIO
O país ganhou cerca de 2,6 milhões de desempregados no primeiro ano de governo Michel Temer. É um crescimento de 23,1% com relação ao contingente observado no trimestre imediatamente anterior à sua posse como presidente interino.
Segundo o IBGE, 14 milhões de pessoas procuraram emprego entre fevereiro e abril. No mesmo período do ano anterior, eram 11,4 milhões.
A taxa de desemprego subiu de 11,2% para 13,6% no período. Foi o pior resultado para o período de fevereiro a abril desde 2012, quando o IBGE iniciou o levantamento.
Temer assumiu no dia 12 de maio de 2016, ainda de forma interina, após afastamento de Dilma Rousseff para julgamento do processo de impeachment no Senado.
Os problemas do mercado de trabalho, é preciso lembrar, começaram ainda no início da segunda gestão da petista, já que no fim de 2014 a taxa estava em 6,5%.
Em seu discurso em maio, Temercolocouageraçãode empregoscomoumdosfocos de sua gestão. A posse definitiva ocorreu em agosto.
A melhora do emprego com carteira assinada em abril (com saldo positivo de 60 mil vagas) vem sendo celebrada pelo governo Temer, mas a pesquisa do IBGE, que é muito mais ampla (inclui vagas sem carteira assinada), mostra que essa recuperação ainda não veio.
Mais preocupante é que indicadores que poderiam in-
CIMAR AZEREDO
coordenador do IBGE
Taxa de desemprego, em %
dicar que as empresas estão dispostas a contratar (aumento do número de horas extras, por exemplo) continuam bastante enfraquecidos.
No trimestre encerrado em abril, o número de trabalhadores com carteira assinada, por exemplo, foi o mais baixo desde o início da pesquisa: 33,3 milhões, 1,2 milhão mais que um ano antes.
As vagas formais têm maior qualidade por garantir às famílias benefícios como planos de saúde, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Porisso,dizele,aperdade vagas com carteira tem grande impacto na taxa de desemprego, já que obriga outros membros da família a buscar emprego também. “Cada pessoa que perde o trabalho com carteira joga duas ou três na desocupação”, afirmou.
No primeiro ano de Temer, houve aumento só no número de trabalhadores privados sem carteira (3,1%, ou 306 mil pessoas) e de empregadores (10,6%, ou 385 mil pessoas) —insuficiente, porém, para conter a queda do número de carteiras assinadas.
Entre os setores da economia, três apresentaram queda significativa no número de empregos: agricultura (-7,7%), construção (-8,7%) e administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde e serviços sociais (-2,4%).
Apenas os setores de alojamentos e alimentação (12,1%) e outros serviços (4,2%) tiveram melhora na era Temer.
O coordenador do IBGE ressaltou, porém, que há sinais de desaceleração do desemprego. No trimestre encerrado em abril de 2016, o aumento do número de desempregados com relação ao ano anterior foi de 42%. Neste,foide23,1%.
“Podem ser sinais de que a procura por emprego está reduzindo”, disse Azeredo, que preferiu ter cautela ao falar sobre possível recuperação, alegando que o atual cenário político e econômico pode ter ainda impacto no mercado.
O rendimento médio trabalhador, de R$ 2.107, ficou estável ante o mesmo período do ano passado.
DE BRASÍLIA
Categorias que brigavam por mudanças na proposta da reforma da Previdência apostam na crise política queseabateusobreoPlanalto para conseguir convencer o governo a promover as alterações que desejam.
Policiais federais, agentes penitenciários e servidores públicos voltaram a pressionar parlamentares eogovernoacederemregras específicas.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luís Antônio Boudens, diz que o governo “mais que nunca” terá de ceder em alguns pontos.
Em um cenário ideal, ele quer que os policiais federais que já foram admitidos não sejam afetados por novas regras. Pretende, ainda, conseguir a diferenciação de idade (52 anos) para as mulheres policiais. Da forma como está, a idade é de 55 anos para todos os policiais —já abaixo dos 65 anos da proposta original.
Os agentes penitenciários, que brigam por regras especiais iguais às dos policiais federais, já retomaram as negociações no governo e no Congresso, segundo o presidente da Febrasp (Federação Brasileira dos Servidores Penitenciários), Leandro Allan.
Já o Sindilegis (Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal) quer alterações na regra de transição para servidores, além de mudanças no cálculo das pensões. (DANIEL CARVALHO, LAÍS ALEGRETTI E BRUNO BOGHOSSIAN)
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Cada pessoa que perde o trabalho com carteira joga duas ou três na desocupação