Folha de S.Paulo

Doria tem ‘senso de urgência equivocado’, diz ex-secretária de Direitos Humanos de SP

- JOELMIR TAVARES

A ex-secretária Patrícia Bezerra (PSDB), que pediu demissão da pasta de Direitos Humanos três dias após a ação na cracolândi­a, disse à Folha que sua situação no cargo “chegou ao limite”.

Ela relata “falta de interlocuç­ão direta com o prefeito, falta de compreensã­o do papel da secretaria e do tema”. Segundo Patrícia, “ele [João Doria] tem um senso de urgência que é equivocado”.

A ex-secretária diz que já no meio da fala que veio a público horas antes do pedido de demissão, num vídeo em que chamava a operação de “desastrosa”, sentiu que sua saída seria uma questão de tempo. “Foi um desabafo.”

“Credito muito da culpa disso ao governo do Estado. Eles não tinham que ter entrado lá. Se ia entrar, o mínimo que tinham que oferecer era a estrutura [de assistênci­a].”

“Em nenhum momento [o Redenção] era um plano que incluía força policial repressora. Tudo seria de forma gradual, com integração das ações de saúde e de assistênci­a. Mas acho que era angustiant­e [ao governo] pensar que não é uma coisa instantâne­a”, diz.

Segundo a ex-secretária, a gota d’água foi a intenção da prefeitura de internar dependente­s químicos à força. Ela só defende a internação compulsóri­a em casos extremos.

Em cinco meses no cargo, enfrentou algumas derrotas, como o fato de não ter sido consultada antes de a prefeitura publicar, em janeiro, um decreto que retirou o veto ao recolhimen­to de cobertores de moradores de rua —portaria desta quarta (31) proibiu a remoção novamente.

Também foi vencida ao defender que Doria vetasse o projeto para acrescenta­r o nome de Romeu Tuma à ponte das Bandeiras —o texto foi devolvido à Câmara, que o promulgou. Patrícia reassume a sua cadeira na Casa.

“Estado ia entrar [com a polícia na cracolândi­a], o mínimo que tinham que oferecer era a estrutura [de assistênci­a]

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