Lula chama Joesley de canalha e diz que ‘2018 está aí’
Documento interno declara que partido não votará em caso de eleição indireta pós-Temer
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (1) que o PT deve se reconectar à esquerda, radicalizando posições, se quiser voltar a governar o país.
Durante discurso na abertura do 6º Congresso Nacional do PT, em Brasília, Lula admitiu que os últimos seis anos foram “os mais difíceis” e pediu que os dirigentes da sigla parem de falar para eles mesmos, para que a legenda “volte a despertar esperança”.
“2018 está longe para quem não tem esperança, mas, para nós, 2018 é logo aí, já começou e não estamos com medo. Vamos voltar a governar esse país a partir de 2018”, completou o ex-presidente.
Réu em cinco ações penais, Lula chamou de “canalha” o empresário Joesley Batista, da J&F, que, em delação premiada, disse que pagou propina no valor de US$ 150 milhões para Lula e Dilma Rousseff por meio de contas no exterior.
“Um canalha de um empresário diz que fez uma conta no exterior pra mim e pra Dilma, mas a conta está no nome dele e ele que mexe na grana [plateia ri]. Tá na hora de parar de palhaçada”, completou o ex-presidente. Ele não fez referência às acusações de Joesley ao presidente Michel Temer (PMDB).
Até sábado (3), dirigentes do PT elegerão o novo presidente da sigla, que deve ser a senadora Gleisi Hoffmann (PR). No Congresso, Gleisi defendeu uma tese do ex-ministro José Dirceu, publicada em artigo na Folha, como forma de tirar o país da crise. O desagravo ao petista também foi feito pelo atual presidente do PT, Rui Falcão, que ainda citou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso na Lava Jato.
Documento que servirá de base para as discussões do congresso afirma que a posição do PT é “inegociável” pela defesa das eleições diretas.
Também na disputa pela presidência do PT, o senador Lindbergh Farias (RJ) disse que a ordem para os petistas é “não votar no colégio eleitoral” caso Temer seja cassado.
A declaração é um recado a parlamentares do partido que abriram, nos últimos dias, diálogo com a base do governo Temer na articulação de uma solução via colégio eleitoral caso haja cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE. (MARINA DIAS, CATIA SEABRA E ÂNGELA BOLDRINI)