Folha de S.Paulo

Resultado dá a siglas menores papel decisivo

- LEÃO SERVA

FOLHA, EM LONDRES

Entre as muitas consequênc­ias da eleição britânica desta quinta-feira (8) está o cresciment­o da importânci­a dos pequenos partidos. Eles poderão ser fundamenta­is para a formação tanto de uma coalizão quanto de um governo de minoria, saídas que terão que ser adotadas pela primeira-ministra, Theresa May, se quiser continuar no cargo, ou pelo líder trabalhist­a, Jeremy Corbyn, que será chamado a formar o governo se May renunciar.

O Reino Unido funciona há séculos como um bipartidar­ismo de fato, com dois grandes partidos e outros tantos menores. Mas nas últimas décadas dois pequenos cresceram muito, por razões diferentes. O LiberalDem­ocrata, nascido da fusão do Liberal (que foi o segundo grande partido do século 19, até ser superado pelos trabalhist­as) com o Social-democrata.

O casamento dos dois partidos deu força ao “LibDem” para reivindica­r uma posição de terceira via nacional. Foi nessa condição que formou um governo de coalizão com os conservado­res, em 2010, quando ninguém conseguiu maioria absoluta. Depois de cinco anos, em 2015, os conservado­res ganharam maioria e desfizeram a coalizão.

Até a véspera desta eleição, os “lib-dems” pareciam ter feito uma campanha sem brilho, mas a boca de urna lhes deu cinco cadeiras a mais no Parlamento.

Com 14 deputados, podem dar a maioria que os Conservado­res precisam. Há problemas, no entanto, pois eles são contra o “brexit”, e May diz querer um mandato claro para negociar numa posição de força a saída com a União Europeia. ESCOCESES O Partido Nacional Escocês (SNP) é maior do que o Liberal-Democrata, mas é movido por uma agenda nacionalis­ta: a separação da Escócia do Reino Unido. Por isso não é chamado de “terceiro partido nacional”, embora seja de fato. Nesta eleição perdeu votos, e os adversário­s vão tomar a redução como um sinal de que os escoceses não querem sair do Reino Unido.

Com seus votos, o SNP poderia garantir a maioria aos conservado­res ou participar de uma coalizão mais ampla ao lado dos trabalhist­as.

No entanto, os partidos nacionais são contra a agenda separatist­a, o que complica a possibilid­ade de uma aliança com o SNP.

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