Folha de S.Paulo

GOVERNO ENCURRALAD­O Por 4 votos a 3, TSE ignora delações e absolve Temer

Relator pediu a cassação da chapa de 2014 por abuso de poder político

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Aliado de Temer, Gilmar defendeu a absolvição como instrument­o para garantir a estabilida­de política do país

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) absolveu nesta sexta (9) a chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer e deu fôlego político ao governo do peemedebis­ta, que permanece no cargo mesmo em meio a uma grave crise.

Foram 4 votos a 3 pela absolvição. Depois de nove horas —entre quinta e sexta— fazendo a leitura de seu voto, o relator Herman Benjamin pediu a cassação da chapa de 2014 por abuso de poder político e econômico. Para ele, a campanha foi abastecida por recursos desviados da Petrobras.

O relator foi acompanhad­o pelos ministros Luiz Fux e Rosa Weber. Já o presidente da corte, Gilmar Mendes, votou por absolver a chapa, assim como Napoleão Nunes Maia Filho, Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira, os dois últimos nomeados por Temer ao tribunal eleitoral.

Napoleão, primeiro a votar após o relator, disse que abuso de poder político “tem em toda reeleição” e que não concordava em incluir os depoimento­s de delatores da Odebrecht como provas, argumento utilizado pelos demais que defenderam a absolvição de Dilma e Temer.

Admar reconheceu que há um “sistema de distribuiç­ão de propina na Petrobras”, mas disse que não via “prova segura e cabal” de que as doações à campanha de 2014 tenham a ver com esse esquema.

Tarcisio seguiu o mesmo raciocínio e comparou partidos políticos a advogados. Disse que não cabia às agremiaçõe­s conferir a origem do dinheiro que recebem.

Quinto a votar, Fux, que também ocupa uma cadeira no STF (Supremo Tribunal Federal), concordou com o relator, classifica­ndo os fatos descritos no processo como “insuportáv­eis”, e que revelavam “crimes gravíssimo­s”. A favor da condenação da chapa, Fux chamou de “promíscuas” as relações do sistema político e afirmou que essa era “a hora do resgate”.

Quando votou Rosa Weber, acompanhad­o o relator, o placar chegou em 3 a 3.

Coube ao presidente do TSE, Gilmar Mendes, aliado de primeira ordem de Temer, desempatar. Às 20h, Gilmar começou seu voto, defendendo a absolvição da chapa como instrument­o para garantir a estabilida­de política do país.

Alterou o tom de voz logo no início de sua exposição, ao bradar que o discurso contra a corrupção era “fácil”, mas que não se podia “substituir presidente a hora que se queira”. “Se prefere pagar o preço de um governo ruim ou mal escolhido do que a instabilid­ade ou golpes na calada da noite”, disse.

Em uma espécie de vacina aos críticos que dizem que o TSE desconside­rou fatos relevantes ao julgar a chapa, Gilmar disse que os ministros não deviam se “colocar como avestruzes”. “Todos nós queremos correção. Mas se formos adorar a premissa do relator, Presidente da corte, foi Advogado-Geral da União no governo FHC, que o indicou para o STF O ministro do STJ foi nomeado por Lula em 2007 Advogado nomeado ministro efetivo do TSE pelo presidente Michel Temer Advogado nomeado ministro efetivo do TSE pelo presidente Michel Temer O corregedor-geral do TSE e relator da ação; foi indicado por Lula ao STJ em 2006 Vice-presidente da corte, o ex-ministro do STJ foi indicado por Dilma ao STF em 2011 Ex-ministra do Tribunal Superior do Trabalho, foi indicada ao STF por Dilma em 2011

 ??  ?? Púlpitos colocados do lado de fora do plenário do TSE no dia do julgamento da chapa Dilma-Temer em Brasília
Púlpitos colocados do lado de fora do plenário do TSE no dia do julgamento da chapa Dilma-Temer em Brasília

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