GOVERNO ENCURRALADO Palácio do Planalto prevê manutenção da instabilidade
Para tentar recuperar respaldo político, Temer quer que ministros acelerem medidas de estímulo ao emprego
Prevendo a manutenção do ambiente de instabilidade, apesar da vitória no Tribunal Superior Eleitoral, o presidente Michel Temer determinou a seus ministros que acelerem a implementação de medidas de estímulo ao emprego para tentar recuperar popularidade e respaldo político para superar a crise aberta pela delação da JBS.
Para o Planalto, a sucessão de acusações feitas contra o presidente por delatores deve estender por meses o ambiente de insegurança em que mergulhou o governo.
Por isso, a cúpula do governo deu uma orientação expressa ao BNDES para a adoção de políticas de crédito para alavancar pequenas e médias empresas. Encomendou também ao Planejamento medidas de estímulo aos setores de habitação e serviços, potenciais geradores de emprego.
O governo acredita que a recuperação dos índices de emprego e do ambiente econômico de maneira geral seriam a principal saída para a crise política no médio prazo, uma vez que reduziriam a insatisfação popular e a indisposição de partidos aliados em relação à gestão.
O resultado do TSE é considerado o primeiro de três passos da tentativa de restabelecer a força de Temer, segundo seus auxiliares. Eles ainda consideram imprescindível derrubar no plenário da Câmara, com um placar robusto, a provável denúncia que a Procuradoria-Geral da República deve apresentar contra Temer e aprovar —ao menos em primeiro turno— a reforma da Previdência.
Ainda cética com os desdobramentos da crise, a equipe de Temer reconhece que a vitória no TSE não dará força imediata ao governo, mas acredita que ajuda a superar uma espécie de fator de desconfiança que afastava o mercado e agentes políticos, em especial o PSDB.
Os articuladores do Planalto vão explorar esse resultado para tentar reaglutinar a coalizão, com o argumento de que o TSE decidiu manter Temer no poder e que não há alternativa óbvia ao presidente, uma vez que não há nome de consenso para substituí-lo.
Parte dos auxiliares do presidente não acredita sequer em uma recuperação permanente da estabilidade do governo Temer, apesar de crer que ele tem força para concluir seu mandato.
Não há dúvidas no Planalto de que surgirão novos fatos que impliquem Temer em suspeitas de corrupção apontadas por Joesley Batista, da JBS, e que a instabilidade do país será permanente, sendo superada “só em 2019”, segundo um líder aliado.
Os articuladores políticos do primeiro escalão dão conta de que Temer deverá “administrar” ou “tocar a vida” a cada dia, a depender dos desdobramentos da crise.