Folha de S.Paulo

GOVERNO ENCURRALAD­O Joesley volta ao Brasil e diz que não ‘passeava em NY’

Ele retornou para depor sobre supostos repasses da JBS a Lula e Dilma

- RAQUEL LANDIM RUBENS VALENTE

Em nota, o empresário afirma que sua família recebeu ameaças desde a delação e, por isso, viajou para a China

O dono da JBS, Joesley Batista, está no Brasil desde domingo (11) e disse que havia saído do país para “proteger a integridad­e da sua família”.

Ele voltou para prestar depoimento­s e resolver assuntos pessoais. Joesley e o diretor da J& F Ricardo Saud prestaram esclarecim­entos ao procurador da República Ivan Marx em investigaç­ão sobre supostos repasses da empresa ao PT por intermédio do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

Os recursos seriam originário­s de contratos com o BNDES e fundos de pensão e teriam abastecido campanhas dos ex-presidente­s Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em contas no exterior, conforme os empresário­s apontaram em delação premiada. Os petistas negam.

Como se tornou delator, Joesley não pode mais exercer o direito de ficar calado e tem que depor sempre que for chamado.

Em nota divulgada nesta terça (13), o empresário disse que seus familiares sofreram “reiteradas ameaças” desde a divulgação do teor da delação premiada em que gravou conversa com o presidente Michel Temer.

“Joesley Batista estava na China –e não passeando na Quinta Avenida, em Nova York, ao contrário do que chegou a ser noticiado e caluniosam­ente dito até pelo presidente da República. Não revelou seu destino por razões de segurança. Viajou com autorizaçã­o da Justiça brasileira”, diz a nota.

“Joesley é cidadão brasileiro, mora no Brasil, paga impostos no Brasil e cria seus filhos no Brasil. Está pessoalmen­te à disposição do Ministério Público e da Justiça brasileiro­s para colaborar de forma irrestrita no combate à corrupção”, acrescenta o co- municado.

A divulgação da delação de Joesley e de outros executivos da J&F, empresa que controla a JBS, lançou o governo em sua maior crise, paralisou a discussão sobre as reformas e gerou questionam­entos sobre a capacidade de sobrevivên­cia do Executivo.

Os termos do acordo de delação dos empresário­s, chancelado­s pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), são alvo de polêmica. O próprio presidente Temer, principal alvo das acusações, criticou publicamen­te os benefícios concedidos a Joesley, que, não será processado e teria recebido permissão para se mudar com a família para o exterior.

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Danilo Verpa - 13.fev.2017/Folhapress O empresário Joesley Batista, que voltou ao Brasil

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