Folha de S.Paulo

Decisão sobre ‘bondades’ não vai sair logo

- BRUNO BOGHOSSIAN

Apesar das pressões da equipe política, o presidente Michel Temer resiste à adoção imediata de propostas de estímulo à economia que possam aumentar o rombo das contas públicas, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda.

As medidas sofrem oposição do Ministério da Fazenda, que manifestou sua contraried­ade ao Planalto.

Para a pasta, propostas considerad­as muito flexíveis, em oposição ao discurso de austeridad­e do ajuste fiscal, poderiam deteriorar o que ainda resta de credibilid­ade do governo diante do mercado.

Temer pediu que seus auxiliares ampliem os estudos sobre propostas para retomar o consumo, aumentar a renda da população e estimular investimen­tos, mas avisou que nenhuma decisão será tomada até que ele volte de uma viagem oficial à Rússia, no dia 23.

Os principais conselheir­os políticos de Temer insistem na adoção de um “pacote de bondades” para ajudar o presidente a melhorar sua popularida­de em meio à crise aberta a partir da delação da JBS.

Essa área do governo trabalha principalm­ente com propostas de alívio no Imposto de Renda para pessoas físicas, como a redução de alíquotas e o aumento da parcela da população que fica isenta de pagar o tributo.

A Fazenda considera impossível a adoção de medidas que represente­m perda de arrecadaçã­o.

Para a equipe econômica, propostas de flexibiliz­ação das contas públicas dariam ao mercado um sinal de desvio das premissas do ajuste fiscal, uma vez que os investidor­es já lançam dúvidas sobre o avanço das reformas.

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