Presidente da Uber se licencia do cargo após série de escândalos
Episódios com Travis Kalanick abalaram imagem da empresa
Travis Kalanick, presidente-executivo da Uber, decidiu se licenciar do posto por tempo indeterminado. A decisão se segue à publicação de um relatório altamente crítico sobre a gestão da empresa.
Os 14 subordinados que se reportavam diretamente a Kalanick administrarão a empresa em sua ausência.
O estilo enérgico de sua gestão definiu por anos a controvertida empresa, cuja avaliação de mercado atingiu US$ 68 bilhões ao mesmo tempo em que ela adquiria a reputação de desrespeitar regras e de fazer qualquer coisa para conseguir crescimento.
O afastamento se segue a uma crise que abalou a imagem da empresa de capital fechado mais valiosa do Vale do Silício e causou a saída de vários executivos.
Kalanick se envolveu em uma série de acontecimentos que levaram a Uber à crise. Elas incluem o uso de software para iludir as autoridades regulatórias e uma discussão, capturada por uma câmera de vídeo, na qual ele insultou um motorista da Uber.
Nesta terça (13), Kalanick apresentou as conclusões de um relatório sobre a gestão e a cultura da Uber que identificou disfunções generalizadas no comando da empresa.
O documento fez recomendações abrangentes que incluem maior independência para o conselho, treinamento obrigatório para os executivos e a proibição de relacionamentos íntimos entre superiores e subordinados.
As constatações, baseadas em entrevistas com mais de 200 funcionários, também recomendam que a Uber reescreva seus 14 valores culturais (entre os quais recomendações como “não tenha medo de pisar nos calos alheios” e “batalhe sempre para estar por cima”, a fim de eliminar valores que possam ser invocados para justificar mau comportamento. PAULO MIGLIACCI