Folha de S.Paulo

No início do ano, e os editores deverão ter 120 úteis para elaboração dos materiais.

- PAULO SALDAÑA

DE SÃO PAULO

O governo Michel Temer quer contemplar na próxima compra de livros didáticos uma versão não definitiva da Base Nacional Comum Curricular. O texto da Base segue em análise no CNE (Conselho Nacional de Educação), mas o próximo edital de livros prevê o uso de sua terceira versão, ainda não oficial.

A Base, construída desde 2014, prevê o que os alunos da educação básica devem aprender a cada ano. É apontada como uma ferramenta crucial para a melhora da educação e uma possibilid­ade de equidade nas escolas do país.

Uma terceira versão foi encaminhad­a pelo MEC (Ministério da Educação) em abril para o CNE. O conselho deve emitir um parecer final.

A minuta da próxima edição do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) foi divulgada nesta semana. Prevê livros para alunos dos anos iniciais do ensino fundamenta­l (1º ao 5º ano), além de manuais de professore­s dessa fase e da educação infantil.

As obras deste edital são previstas para chegar às escolas em 2019 —depois de passar pelas fases de produção, avaliação do MEC, escolha pelas escolas públicas e compra. O programa é organizado por segmentos e as obras de cada etapa são selecionad­as de forma separada.

O texto da minuta reconhece que a versão atual da Base não é definitiva. “Este edital irá utilizar esta versão [da Base] como critério, mesmo entendendo que a versão final da BNCC depende da discussão e aprovação do Conselho Nacional de Educação e posterior homologaçã­o pelo ministro”, cita o texto.

A última edição do PNLD represento­u um investimen­to de R$ 504 milhões só para os anos iniciais. Foram adquiridos 57,4 milhões de livros.

A iniciativa do MEC é criticada por educadores e membros do CNE, além de causar incômodo no setor que produz os livros. O receio é investir na produção de obras à luz de uma versão curricular que pode passar por mudanças.

O prazo apertado para a adaptação é outra preocupaçã­o. O edital devia ter saído PROCESSO O entrave é que o CNE pode mudar o texto. Um dos pontos refere-se, por exemplo, à meta de alfabetiza­ção, definida pelo governo atual para o 2º ano. Um grupo de educadores defende manter o ciclo de alfabetiza­ção até o 3º ano.

Possíveis alterações serão discutidas em audiências públicas entre julho e setembro. O conselho promete finalizar o processo ainda neste ano.

Presidente da comissão que avalia a base no CNE, Cesar Callegari diz reconhecer a necessidad­e de o MEC ter livros para o começo de 2019, mas questiona esse formato.

“Considero uma temeridade se referir a uma Base que ainda não existe”, diz. “O documento encaminhad­o ao CNE sofrerá modificaçõ­es e aperfeiçoa­mentos.”

José Fernandes Lima, exsecretár­io de Educação de Sergipe, que já presidiu o CNE, lembra que o livro didático é muitas vezes o único material de apoio a professore­s. “Se o conselho não pudesse modificar a Base, não fazia sentido ter audiências. O gesto do MEC pode significar passar por cima do CNE”.

Em nota, o Movimento pela Base (que reúne diversas entidades e educadores) ressaltou que, para que a implementa­ção da Base funcione, “é importante que os materiais didáticos estejam alinhados à Base e que o máximo possível seja feito para garantir isso dentro dos prazos do PNLD e de acordo com o processo

 ?? Eduardo Anizelli - 05.nov.2015/Folhapress ?? Escola pública de ensino fundamenta­l em Sobral, no Ceará; etapa de ensino terá novas diretrizes com nova base curricular
Eduardo Anizelli - 05.nov.2015/Folhapress Escola pública de ensino fundamenta­l em Sobral, no Ceará; etapa de ensino terá novas diretrizes com nova base curricular

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