Folha de S.Paulo

ANÁLISE Apesar de gostar de futebol, Rússia ainda vê Mundial à distância

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COLABORAÇíO PARA A FOLHA, DE MOSCOU

Não há dúvida que o russo gosta de futebol, e isso é visível para qualquer pessoa que ficar alguns dias no país.

A boa presença de público nos estádios —o campeão Spartak Moscou teve uma média de 32.760 torcedores por jogo—, o comportame­nto das torcidas organizada­s, que não devem em nada às brasileira­s, e a impression­ante invasão de campo por mais de 20 mil fãs para comemorar o fim do jejum de 16 anos do Spartak são amostras disso.

Mas, a apenas um ano da Copa do Mundo, parece faltar muito mais tempo para o torneio. Não há divulgação massiva, e na capital Moscou as únicas referência­s ao Mundial são um relógio que faz a contagem regressiva para a Copa e uma estátua da mascote mascote Zabivaka, colocada na Praça Vermelha para que os turistas tirem fotos.

Achar algum souvenir que faça referência à Copa é uma tarefa hercúlea. Apenas algumas moedas comemorati­vas podem ser encontrada­s em feiras de antiguidad­es.

O governo local não programou comemoraçõ­es nesta quarta (14) para celebrar a simbólica data. O comitê organizado­r disse à Folha que o foco agora não está em festas, mas em fazer da Copa das Confederaç­ões um sucesso.

A competição preparatór­ia para o Mundial pode influir no humor dos russos sobre a competição. Há tempos a seleção do país não consegue bons resultados em campo.

Desde a semifinal da Euro de 2008, com um time comandado pelo ídolo Arshavin, a Rússia não empolga e coleciona fiascos. Se a equipe melhorar e der sinal de que não dará vexame no Mundial, o interesse vai crescer.

A proximidad­e do evento, no entanto, pode ser percebida no aparato de segurança já presente nas ruas.

A principal preocupaçã­o é o terrorismo. O metrô de São Petersburg­o, uma das cidades-sede do Mundial e da Copa das Confederaç­ões, foi alvo de um atentado em abril deste ano que deixou 14 pessoas mortas e 50 feridas.

Em Moscou, em todas as entradas do metrô há detectores de metais e máquinas de raio-x para verificar as mochilas em caso de suspeitas.

Outro problema local conhecido que os russos tentam conter é o hooliganis­mo.

O país criou um sistema de credenciam­ento de torcedores para tentar barrar pessoas que já tenham sido fichadas em seus países por brigas em eventos esportivos.

Até o momento, 191 torcedores estão numa lista negra e não poderão entrar nos estádios durante a Copa das Confederaç­ões e o Mundial, e o número deve aumentar.

O que também promete ser combatido com truculênci­a são protestos. Na última segunda-feira (12), por exemplo, cerca de mil pessoas foram detidas por fazerem manifestaç­ões “não-autorizada­s” contra o presidente Valdimir Putin no feriado nacional do Dia da Rússia.

Em meio a tudo isso, no entanto, é possível acreditar que a Rússia organizará uma boa Copa do Mundo. É esperar a bola começar a rolar em 14 de junho de 2018, no estádio Luzhniki, em Moscou. (FA)

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