Novo navio europeu quer democratizar luxo
Transatlântico tem 16 bares, 12 restaurantes e auditório sob medida para apresentação do Cirque du Soleil
Diretor da MSC diz que meta é expandir seu alcance de público e triplicar número de passageiros até 2026
O maior navio já construído na Europa zarpou pela primeira vez no início de junho rumo a um tour que passa pelas cidades de Gênova, Nápoles e Messina (na Itália), Valletta (Malta), Barcelona (Espanha) e Marselha (França).
O MSC Meraviglia tem capacidade para navegar pelo Mediterrâneo com aproximadamente 5.700 passageiros, número superior ao de habitantes de quase 200 cidades paulistas, de acordo com a última estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A Folha acompanhou as festividades de inauguração do navio, em Le Havre, na costa norte francesa. Se a experiência resulta irreparavelmente mutilada sem acompanhar o cruzeiro a pleno vapor —a reportagem foi convidada a conhecê-lo apenas enquanto estava atracado no porto—, ela ainda se assemelha a uma estadia em um hotel de luxo de proporções impressionantes.
O transatlântico é equipado com 16 bares e 12 restaurantes, alguns com chefs de grife, e opções de entretenimento que vão de um spa balinês a um parque aquático, passando por múltiplas sessões diárias de performances musicais no teatro. CIRCO A BORDO Um dos auditórios a bordo foi construído sob medida para abrigar uma das atrações mais pop do showbusiness mundial: o Cirque du Soleil, que pela primeira vez na sua história faz apresentações adaptadas exclusivamente para o circuito marítimo.
Se você teme pela queda de um trapezista em tempos de maré revolta, a produtora-executiva do circo, Yasmine Khalil, assegura ter preparado todo o grupo para mostrar uma “obra de arte em movimento”.
Os artistas, segundo ela, estão sendo treinados para encontrar um equilíbrio diferente, acompanhando o fluxo do mar. “Com sorte, ninguém ficará enjoado durante o show”, brinca.
Além disso, o teatro é o menor no qual o Cirque du Soleil já se apresentou, com 413 lugares. “É uma performance mais íntima, em que o artista se conecta com o público até por meio do olhar”, anuncia Khalil.
Talvez o problema mais evidente do cruzeiro seja o excesso: não é difícil se desnortear em uma embarcação com mais de 300 metros de ponta a ponta e cujo elevador vai até o 19º andar. SOPHIA LOREN Para que os navegantes não se percam, a empresa até desenvolveu um sistema eletrônico chamado MSC for Me. Cada passageiro recebe uma pulseira que o ajuda a se localizar, a agendar shows, jantares e excursões a qualquer hora e até a rastrear o filho pequeno.
Mesmo com vários auditórios a bordo, a inauguração do transatlântico foi realizada numa estufa em terra firme. Caso contrário, seria impossível manter a tradição de batizar o barco quebrando nele uma garrafa de champanhe. A tarefa ficou a cargo da atriz italiana Sophia Loren, que pela idade avançada se limitou a cortar uma fita que deixava o frasco se espatifar no casco no navio.
A cerimônia solene, que contou ainda com um concerto privado do popstar francês Patrick Bruel, reflete a pompa de um setor turístico que ainda é voltado aos mais abastados.
Basta observar as duas joalherias e as diversas lojas de grifes espalhadas pelos deques da embarcação.
Gianni Onorato, diretor executivo da MSC, afirma que a empresa vem buscando expandir seu alcance de público e projeta chegar quase ao triplo do número atual de passageiros em 2026. “O que buscamos é a democratização do luxo”, disse.
Segundo ele, a MSC busca como próximo passo espalhar cultura, anunciando que uma próxima geração de cruzeiros deve contar com um museu particular negociado com instituições de renome como o Louvre.
A próxima cabine disponível no Meraviglia, partindo de Barcelona em 28 de julho, tem R$ 4.339 como tarifa individual mais baixa.