A vida com câncer
À medida que mais pessoas sobrevivem à doença e por mais tempo, são necessárias mudanças para melhorar o cuidado a longo prazo
De 2016 até o fim de 2017, o Brasil terá registrado 600 mil novos casos de câncer. Até os 75 anos de idade, um em cada cinco brasileiros deve desenvolver algum tipo da doença.
As estimativas são do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e do Atlas do Câncer, uma publicação desenvolvida pela Sociedade Americana de Câncer. Além disso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030 serão diagnosticados cerca de 22 milhões de casos de câncer.
De acordo com o Inca, somente no Brasil, em 2012, cerca de 1 milhão de adultos sobreviveram cinco anos ou mais após o diagnóstico inicial de alguns tipos de câncer: o que nós médicos costumamos chamar de sobrevida. A ampliação e modernização de tratamentos são animadoras. Nesse cenário, mais do que discutir a sobrevida, teremos que dedicar atenção especial à vida com câncer. Vida com qualidade.
À medida que mais pessoas sobrevivem à doença e por mais tempo, são necessárias mudanças para melhorar o cuidado integrado a longo prazo. Essa foi uma das conclusões de uma pesquisa global desenvolvida pela unidade de inteligência da revista “The Economist”, a pedido do laboratório Bristol-Myers Squibb.
Intitulada “Sobrevivência Global ao Câncer: A Necessidade de Cuidados Integrados”, o levantamento revela desafios para a prestação de serviços oncológicos que sejam acessíveis física e financeiramente, além de apontar a necessidade de políticas mais eficazes nas áreas de saúde, direito e trabalho.
Com o aumento das taxas de sobrevivência, as empresas também precisam enfrentar cada vez mais os efeitos do câncer no local de trabalho. Isso ainda causa medo e estranheza em ambas as partes. Durante o tratamento, a manutenção do paciente no trabalho é recomendada sempre que possível. Quando o afastamento é necessário, o retorno após o fim do tratamento é fundamental.
Em alguns países, as empresas estão começando a agir, a fim de for- necer esse apoio e reter os seus talentos. A pesquisa ouviu 500 executivos em 20 países, incluindo o Brasil. Ela mostra que algumas organizações estão introduzindo políticas inovadoras, não só para funcionários recém-diagnosticados com câncer e em tratamento como também para os sobreviventes.
Das empresas pesquisadas, 60% oferecem adaptações e 54% concedem licença compassiva além dos limites estabelecidos por lei a funcionários que cuidam de familiares com câncer. Apesar disso, uma explicação detalhada das opções de volta ao trabalho é dada por apenas 44% dos empregadores.
De acordo com o estudo realizado, a sobrevivência ainda não é reconhecida como a questão importante no Brasil. Ainda estamos discutindo dados sobre incidência e mortalidade, mas não sobre a vida pós-atamento.
Uma melhor compreensão dessa população e de suas necessidades certamente nos ajudará a fornecer bases para uma ação mais concentrada em atender às necessidades dos sobreviventes do câncer. ROGER SHOJI MIYAKE
A Folha não checou os supostos termos do depoimento prestado por Duda Mendonça à Polícia Federal com os prestados por 77 diretores da Odebrecht. Estes mencionaram 415 políticos e uma grande quantidade de empresas como destinatários de suas doações. Baleia Rossi e seus familiares não estão entre eles. Os depoimentos da Odebrecht foram homologados pelo Supremo Tribunal Federal. Os de Duda Mendonça foram desconsiderados pelo Ministério Público Federal (“Delação de marqueteiro cita aliado de Temer”, “Poder”, 13/6).
BALEIA ROSSI,
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Sobre “Doria prevê cobrar taxa por jazigos em plano de concessão de cemitérios” (“Cotidiano”, 13/6), esclarecemos que não é correto utilizar os dados de 2015, pois a manutenção dos cemitérios era feita com contratos da ata da Secretaria do Verde e Meio Ambiente. Depois de liberado pelo TCM, realizamos nova licitação em 2015 e os custos caíram 45%. Com isso, o Serviço Funerário Municipal saiu da situação de deficit e equilibrou suas finanças a partir de 2016. Estranhamos que os dados referentes a 2016 não estejam disponíveis.
SIMÃO PEDRO, LÚCIA SALLES, RESPOSTA DO JORNALISTA ROGÉRIO GENTILE -
A reportagem não disse que o Serviço Funerário é deficitário. Afirmou, sim, que os cemitérios citados estavam deficitários em 2015, informação que consta de planilhas fornecidas por técnicos da gestão Haddad.