Folha de S.Paulo

Maia cogita suspender recesso para votar denúncia

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DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu nesta quinta (15) a possibilid­ade de suspender o recesso parlamenta­r, que começa no dia 18 de julho, para que a Casa vote a denúncia que a Procurador­ia-Geral da República deve apresentar contra o presidente Michel Temer. Para Maia, “o papel da Câmara é começar e encerrar o assunto”.

“Se acontecer a denúncia, a sociedade não vai entender que a Câmara pare até terminar este processo. Porque, enquanto tiver este processo na Câmara, esta vai ser a agenda prioritári­a da Câmara, e deve ser mesmo”, disse Maia à Folha antes de se reunir com Temer no Palácio no Jaburu.

Existem duas maneiras de se suspender o recesso parlamenta­r. A primeira, considerad­a mais fácil por técnicos do Palácio do Planalto, é protelar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentár­ias. Os parlamenta­res não podem sair de férias sem aprová-la. A tramitação do texto está atrasada e deve se prolongar para além do dia 18 de julho.

Além disso, Câmara e Sena- do podem aprovar por maioria simples um requerimen­to de convocação extraordin­ária.

Em reserva, aliados de Temer no PMDB e no “centrão”, grupo de partidos médios, desaprovam a ideia. Dizem que a base já sofreu muito desgaste e que seria difícil explicar às suas bases que continuari­am em Brasília para ajudar um presidente investigad­o.

Há expectativ­a de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente a denúncia na semana que vem. No entanto, não há um prazo determinad­o para que isso ocorra. Aliados de Temer acreditam que a denúncia só chegará à Câmara em agosto, após o recesso parlamenta­r.

Para uma eventual suspensão do recesso, Maia precisará do apoio do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que não se posicionou como defensor categórico da medida.

“Pelo rito que vi, antes de seguir para a Câmara, o Supremo pode dar 15 dias para a defesa se pronunciar e ainda não sabemos se haverá denúncia. Em princípio, o recesso está mantido”, disse Oliveira à reportagem.(DANIEL CARVALHO E MARINA DIAS)

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