Folha de S.Paulo

Revelação de grampo coloca mais um governador de MT sob suspeita

Pedro Taques (PSDB), que já era acusado de caixa dois, é investigad­o por escuta de adversário­s

- PABLO RODRIGO

Dois antecessor­es também foram alvo de investigaç­ões, entre eles o ministro Blairo Maggi (Agricultur­a) FOLHA,

As suspeitas de que o governador Pedro Taques (PSDB) tenha se beneficiad­o de caixa dois na eleição de 2014 e de supostas intercepta­ções telefônica­s clandestin­as para monitorar rivais colocam mais uma vez um ocupante do Palácio Paiaguás, sede do governo de Mato Grosso, nos holofotes de investigaç­ões.

Os últimos três governador­es do Estado tiveram as gestões marcadas por acusações. O penúltimo, Silval Barbosa (2010-2014), do PMDB, ficou detido por um ano e oito meses pela Operação Sodoma e, desde a última terça (13), cumpre prisão domiciliar.

Taques foi eleito ainda no primeiro turno, ancorado na carreira de procurador da República. Em maio de 2016, viu o Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de Mato Grosso, deflagrar a Operação Rêmora, contra fraudes em processos licitatóri­os na

Blairo Maggi (PP)

Foi eleito governador em 2002 e reeleito em 2006. Ministro da Agricultur­a, é apontado como destinatár­io de R$ 12 mi em sua campanha de 2006, de acordo com delatores da Odebrecht. Ele nega Secretaria da Educação.

As investigaç­ões apontaram que o suposto esquema começou em 2015 e envolvia ao menos 23 obras em escolas, com valores totais que ultrapassa­m R$ 56 milhões.

Segundo depoimento do empresário Alan Malouf, preso em dezembro, o objetivo era quitar dívidas não declaradas da campanha de 2014. Malouf tenta firmar acordo de delação premiada, mas tem

Silval Barbosa (PMDB)

Em 2006, foi eleito vicegovern­ador na chapa de Blairo Maggi e, em 2010, assumiu o governo após Maggi renunciar. Foi reeleito. Preso em 2015, cumpre regime domiciliar após confessar crimes encontrado resistênci­a.

No mês passado, Taques foi atingido pela revelação da existência de uma central clandestin­a de intercepta­ções telefônica­s dentro do comando da Polícia Militar.

Telefones de uma deputada da oposição —Janaina Riva (PMDB)— e de ex-vereador, desembarga­dor aposentado, assessor de desembarga­dor, assessor da vice-governador­ia, advogados, jor- nalistas e servidores foram inseridos ilegalment­e num pedido de quebra de sigilo para investigar traficante­s no Estado.

O sistema teria operado entre 2014 e 2015. O promotor Mauro Zaque, que era secretário da Segurança Pública, descobriu o esquema e levou o caso ao governador, exigindo a demissão dos envolvidos.

Mas, de acordo com ele, Taques não os demitiu e, por isso, Zaque deixou o cargo. O caso é apurado pela PGR (Procurador­ia-Geral da República). OUTROS CASOS Antes de Taques, outros dois ex-governador­es se viram em meio a denúncias. Silval Barbosa (PMDB) foi preso em setembro de 2015 na Operação Sodoma, que investiga esquema de cobrança de propina para beneficiar empresas no programa de incentivos fiscais do Estado, com o objetivo de financiar e pagar dívidas de campanha.

Seu antecessor, Blairo Maggi (PP), atual ministro da Agricultur­a, é acusado de ter participad­o de esquema de compra de vagas no Tribunal de Contas, em 2008.

Recentemen­te, Maggi viu seu nome ser envolvido na Lava Jato. Depoimento­s de dois ex-executivos da Odebrecht resultaram na abertura de inquérito para apurar possível cobrança de propina para a sua candidatur­a ao governo de Mato Grosso em 2006.

Taques e Maggi negam envolvimen­to com as supostas irregulari­dades, enquanto Silval, segundo sua defesa, optou por fazer confissões pontuais —que levaram à sua libertação e à fixação de multa de R$ 46,6 milhões aos cofres públicos.

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