Folha de S.Paulo

Móveis da era JK são recuperado­s para dar ar modernista a gabinete de Temer

- GUSTAVO URIBE

O presidente Michel Temer pretende dar um ar modernista a seu gabinete no Palácio do Planalto, substituin­do os móveis atuais por peças do período de Juscelino Kubitschek (1956-1961).

O projeto de mudança do mobiliário será apresentad­o em julho pela Diretoria de Documentaç­ão Histórica da Presidênci­a. A ideia é devolver ao gabinete presidenci­al uma atmosfera do final dos anos 1950, com peças projetadas pela equipe do arquiteto Oscar Niemeyer.

Segundo relatos feitos à equipe presidenci­al, elas foram retiradas do Palácio do Planalto durante o governo do general Emílio Médici (1969-1974), e móveis de estilo colonial foram colocados no lugar.

Pelo projeto que está sendo desenvolvi­do, a mesa de reuniões com capacidade para 14 cadeiras —considerad­a por Temer muito pequena e pouco funcional— seria trocada por uma para 20 pessoas. A escrivanin­ha atual seria substituíd­a por uma utilizada por JK, assim como um sofá de três lugares e duas poltronas.

As peças estavam guardadas em depósitos ou espalhadas nos palácios governamen­tais e foram reunidas pela Presidênci­a da República para serem restaurada­s.

Segundo o diretor do Departamen­to de Documenta- ção Histórica, Antônio Lessa, a troca tem como objetivo valorizar o mobiliário nacional e recuperar a identidade modernista.

“Os móveis foram projetados para a estrutura governamen­tal e inspiraram linhas de produção em massa em décadas seguintes.”

A troca dos móveis acontece no momento em que o presidente tenta conseguir uma sobrevida e estabelece­r uma nova cara ao seu mandato, marcado por denúncias de irregulari­dades contra assessores e auxiliares. A ideia é vender a imagem de que o peemedebis­ta deixou de ser um “reformista”para se transforma­r no “presidente da travessia”.

O governo também está restaurand­o para colocar à disposição do presidente uma mesa de trabalho de jacarandá usada no gabinete presidenci­al no final dos anos 1950. O móvel tem uma gêmea que foi cedida no início do ano ao gabinete do ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, o que causou polêmica.

Para o ex-curador da Presidênci­a da República Rogério Carvalho, a utilização coloca em situação de risco a lâmina que reveste o tampo, a qual está “no limite possível de restauraçã­o”.

“A mesa foi do Juscelino Kubitschek e não cabe ser usada por um ministro”, disse na época.

O atual diretor discorda. Para ele, as duas mesas estão “intactas” e em bom estado de uso. “Os móveis têm uma utilidade funcional também enãosãosób­eleza.Seemalgum momento tivermos de fazer alguma medida de reparo, é plenamente cabível que seja feita”, disse.

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Pedro Ladeira/Folhapress Cadeira do período de JK que passa por restauraçã­o

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