Cidade francesa é única a ter três candidatos em 2º turno legislativo
Troyes terá disputa entre principais forças: centrismo de Macron, direita e extrema direita de Le Pen
Eleição para deputado da região será neste domingo; partido do presidente deverá ter maioria na Assembleia
A pacata Troyes, cidade ao leste de Paris com 60 mil habitantes, é lembrada por suas casinhas do século 16 com hastes de madeira entrelaçadas na fachada, e não por arroubos políticos.
Nestas eleições legislativas, no entanto, a fama é outra: Troyes terá a única “triangular” do pleito —nome dado ao embate simultâneo entre três candidatos no segundo turno. Em todo o resto do país as vagas de deputado serão decididas entre dois candidatos.
O assento da Assembleia Nacional destinado a esse distrito será disputado neste domingo (18) entre o movimento centrista República em Frente!, o conservador Republicanos e o ultranacionalista Frente Nacional.
É um embate entre diferentes visões sobre o futuro do país, governado pelo centrista Emmanuel Macron, espelhando a disputa eleitoral do restante do território.
Projeções indicam que o movimento de Macron, o República em Frente!, receberá até 455 assentos do total de 577 na Assembleia Nacional.
O “ménage à trois” não costuma ser incomum no país. Nas legislativas de 2012, houve 34 “triangulares”. Mas, neste ano, Troyes está sozinha. Uma das razões é alta abstenção no país.
Vão para o segundo turno todos os candidatos que tiverem mais de 12,5% dos votos dos eleitores inscritos. Como 51,1% dos franceses não foram às urnas na semana pas- sada, ficou difícil aprovar mais de dois candidatos.
Em Troyes, Grégory Besson-Moreau, do República em Frente!, teve 29% dos votos; Nicolas Dhuicq, dos Republicanos, 25%; e Bruno Subtil, da Frente Nacional, ficou com 24,8%.
A liderança de Besson-Moreau surpreende. O empresário nunca concorreu antes a um cargo público. Mas essa é, mais ou menos, a descri- ESPANHA HOLANDA BÉLGICA ção de boa parte dos membros do República em Frente!, fundado ano passado.
O líder do movimento em Troyes é Fabien Lauro, 31, gerente de restaurante japonês. Ele nunca havia feito política antes, mas hoje é responsável por 1.200 militantes.
Lauro afirma que seu candidato, Besson-Moreau, lidera as intenções de voto porque entendeu as preocupações do distrito. Por exemplo, a agricultura. A região é conhecida pelas vinícolas.
O República em Frente! propõe que os fazendeiros tenham acesso ao seguro-desemprego. “Os jovens não querem mais ficar no campo, porque é muito difícil”, diz.
O conservador Dhuic concorda com a prioridade. Mas critica as propostas do adversário —o República em Frente!, afirma à Folha, “representa o triunfo da visão de que a política é inútil”.
Metade dos candidatos que o movimento de Macron apresentou às legislativas nunca foi eleita antes.
“Besson-Moreau é novo, e as pessoas gostam do novo, como consumidores. Macron está vendendo políticos como produtos”, afirma Dhuic.
JáSubtil,daFN,apelapara os eleitores “que amam a França”. Como Marine Le Pen, líder da sigla, ele identifica a segurança e o emprego como prioridades. O desemprego em Troyes é de 14%, ante 10% da média nacional.