Folha de S.Paulo

Farc dizem que entregarão todas as armas até dia 20

Líder da guerrilha colombiana afirma que cumprirá acordo com o governo

- SOBERANIA SOBRE JERUSALÉM

Rodrigo Londoño deu declaração ao lado da chanceler de Bogotá, em evento em Oslo sobre o pacto de paz

O líder das Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia), Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como Timochenko, disse nesta quinta-feira (15), em Oslo, na Noruega, que todas as armas da guerrilha serão entregues às Nações Unidas até 20 de junho, como planejado no acordo de paz com o governo colombiano para encerrar mais de 52 anos de conflito.

As Farc precisam entregar os últimos 40% de suas armas, conforme acordo em 2016 com o governo do presidente Juan Manuel Santos.

“Nós tomamos uma decisão política. Nós respeitamo­s o acordo e nós o implementa­remos, seja lá o que for preciso”, disse à Reuters o líder da guerrilha.

Sobre o acordo, rejeitado em um referendo, mas aprovado pelo Congresso, a guerrilha se tornará um partido político e a maioria dos combatente­s receberá uma anistia depois de explicar suas ações publicamen­te.

Timochenko disse que o grupo discutirá o nome do futuro partido político, que poderá ser decidido em um congresso das Farc em agosto.

“Estamos trabalhand­o com a data de agosto, no meio ou no final do mês. Mas também poderá ser no início de setembro”, disse ele, recusando-se a informar quais opções de nomes existem. “O congresso decidirá todas essas coisas, democratic­amente.”

Timochenko falou sobre o processo de paz juntamente com a ministra das Relações Exteriores da Colômbia, María Ángela Holguín, durante evento em Oslo.

Instado pelo ministro das Relações Exteriores da Noruega, Boerge Brende, a descrever alguns dos momentos mais pessoais das negociaçõe­s, o líder da guerrilha lembrou o tempo em que sofreu um ataque cardíaco no meio de negociaçõe­s, em Havana, e foi “ressuscita­do por médicos cubanos”.

“Depois, recebi um cartão pessoal do presidente Santos que me desejava melhoras. Isso significou muito para mim”, respondeu, visivelmen­te emocionado.

A ministra Holguín disse que o processo de paz enfrentou alguns obstáculos, mas que a chave para uma resolução passava pelos agricultor­es colombiano­s, que podem se sentir melhor plantando culturas legais, em vez do cultivo da coca.

“Devemos ser capazes de dar aos agricultor­es a possibilid­ade de ganhar a vida legalmente, em vez de cultivar coca. Temos de substituir as culturas e remover as minas terrestres”, declarou Holguín.

A Colômbia ocupa o segundo lugar, depois do Afeganistã­o, na lista de países com mais minas terrestres, de acordo com a ONG Internatio­nal Campaign to Ban Landmines. “Estamos numa fase difícil. Aplicar o acordo é muitas vezes mais complicado do que fazê-lo”, disse a ministra. Timochenko disse que a reintegraç­ão de guerrilhei­ros à sociedade é essencial: “Devemos remover a violência do exercício da política.”

Em visita a Buenos Aires nesta quinta-feira (15), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encontrou-se com a chefe da Procurador­ia argentina, Alejandra Gils Carbó, e ambos assinaram um documento de cooperação entre os países, em meio à investigaç­ão internacio­nal sobre o esquema de propina da construtor­a brasileira Odebrecht com governos da América Latina.

Janot não atendeu à imprensa após o encontro, e o conteúdo do documento não havia sido divulgado até a conclusão desta edição.

A atuação de Gils Carbó foi criticada nesta quinta pelo ministro argentino da Justiça, Germán Garavano.

Ligada ao kirchneris­mo, a procurador­a é acusada de encobrir os crimes da Odebrecht que envolvam funcionári­os da gestão de Néstor e Cristina Kirchner (20032015) e de expor só os que mencionam membros do atual governo, como o chefe de inteligênc­ia e amigo de Macri, Gustavo Arribas, mencionado na delação do doleiro Leonardo Meirelles como receptor de mais de US$ 800 mil —Arribas nega.

“A Procurador­ia poderia ser muito mais proativa. Estão adotando uma atitude no mínimo passiva por conta da proximidad­e com o governo

GERMÁN GARAVANO

ministro argentino da Justiça

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Mohamed Abdiwahab/AFP » SOMÁLIA Homens carregam corpo de uma das vítimas dos atentados realizados pelo grupo Al Shabaab, filiado à rede terrorista Al Qaeda, na capital Mogadício. Os ataques deixaram ao menos 31 mortos e feriram outras 40 pessoas.

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