A morte de policiais fora de
Policiais são assassinados no exercício de suas funções e matam em número elevado porque chegam mais rápido ao local da ocorrência, onde encontram criminosos mais fortemente armados, favorecendo confronto e mortes.
Uma pesquisa inédita do Instituto Sou da Paz indica que as três premissas da frase acima, recorrentes na análise da morte de e por policiais, não têm respaldo estatístico.
O estudo analisou 601 boletins de ocorrência de mortes provocadas pela polícia e de mortes de policiais de 2013 e 2014 na cidade de São Paulo.
Os resultados apontam que ao menos 70% dos policiais mortos estavam de folga e só 7,5% estavam em serviço atendendo a ocorrências — em 22,5% não foi possível mapear pelos registros oficiais.
Além disso, 49% daqueles mortos pela polícia foram abordados na rua após suspeita do policial, enquanto 34% dessas mortes ocorreram depois de acionamento de pessoas na rua ou chamados passados pela central.
Das armas apreendidas em poder de criminosos, 68% são revólveres e 19%, pistolas — armas de menor ou igual potencial ofensivo que as usadas pelas forças policiais. POLICIAL 24 HORAS serviço, segundo especialistas, está relacionada a pelo menos dois fatores: o porte de arma (70% dos policiais mortos estavam armados) e os chamados bicos (9% estavam desempenhando funções de segurança privada).
Os agentes morrem de folga quando são vítimas de crimes, tendo ou não reagido, ou ao intervir em uma ocorrência em andamento, sem apoio e aparato de proteção.
“O policial não precisa ser herói”, afirma o coronel Ernesto Neto, chefe da Divisão de Direitos Humanos da Polícia Militar de São Paulo.
“Há procedimento operacional para atendimento de ocorrência em momento de folga”, explica ele. O primeiro deles é ligar para o 190.
Para ele, “é difícil dizer ao PM: você não vai fazer isso [intervir]. Está no sangue”.
“Faltam orientações mais claras e retreinamento de medidas de segurança do policial de folga”, avalia José Vicente, coronel reformado da PM.
“O policial fora de serviço nada mais é que um cidadão com uma arma na mão. Quando está em serviço, tem o Estado e toda a força policial ao seu lado”, afirma Ivan Marques, diretor-executivo do Instituto Sou da Paz. MORTES EVITÁVEIS? Em 2016, 30% das mortes violentas de São Paulo foram provocadas por policiais, que mataram 440 pessoas. No Reino Unido, quatro foram mortos por policiais em 2016.
Boa parte das mortes ocorreu após abordagem policial na rua, 40% delas após roubos de veículos, situação em que o desfecho morte aumentou 111% entre 2013 e 2014.
Neto afirma que a PM paulistana tem, em média, 1.400 confrontos anuais e que 71% dos infratores que disparam contra um policial são presos ilesos ou evadem ilesos, 14% são feridos e 15%, mortos.
Flagrantes em vídeo de policiais executando suspeitos e plantando armas falsas em cenas de mortes indicam que a realidade é mais complexa.
“Nosso grande problema é que somos formados por 90 mil seres humanos”, diz o coronel da PM. “Ficamos nervosos, estressados, abalados.”
Para Marques, “polícia só é polícia porque pode usar a força letal”. “O desafio, portanto, é determinar como deve usar esse mandato e minimizar o resultado morte.”
Para o ouvidor da polícia, Júlio César Neves, “existe o medo do policial que faz com que, na possibilidade de levar