Resistência e troca de tiros teria sido execução, diz testemunha
DE SÃO PAULO
O boletim de ocorrência registrado em 12 de março de 2011 por dois policiais militares descrevia a morte de Dileone Lacerda de Aquino, 27, como tendo ocorrido durante troca de tiros com a Polícia Militar após resistência à prisão por furto.
Vinte dias depois, a família do jovem, que era egresso do sistema prisional, descobriu que uma testemunha havia presenciado policiais executarem Aquino num cemitério em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. Além disso, a mesma pessoa fez uma ligação para o 190, da Polícia Militar.
No telefonema, gravado pela polícia, a testemunha relata os fatos e identifica o carro da polícia. Em seguida, é abordada por um dos PMs, que alega ter socorrido Aquino. Ao ser informado de que ela estava ao telefone com a polícia, uma segunda voz a intimida: “Vai complicar pra você”, diz.
Como consequência, os policiais Ailton Vital da Silva e Filipe Daniel da Silva foram presos e expulsos da corporação. Em 2013, no entanto, ambos foram inocentados pelo Tribunal do Júri, decisão da qual a família de Aquino recorre.
Uma pessoa da família de Aquino, que não quis se identificar por receio de sofrer represálias, afirma que o advogado dos policiais militares levou PMs para o tribunal e que isso pode ter intimidado os jurados.
O familiar de Aquino afirma que os policiais militares agiram de forma arbitrária, abusiva e ilegal, o que explica o medo que a polícia causa em muitas pessoas.
Um novo júri está marcado para o dia 13 de julho.
Procurado pela reportagem, o advogado dos PMs, Celso Vendramini, afirma que renunciou ao caso e que durante o julgamento não havia policiais fardados no plenário fora de serviço. (FM) FAMILIAR DE DILEONE LACERDA DE AQUINO IDEM
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O advogado deles [PMs] levou vários policiais para o tribunal, e isso deve ter intimidado os jurados Agiram de forma arbitrária, abusiva e ilegal. O problema é que as pessoas têm medo da polícia