Judocas farão ‘intensivão’ para absorver regras antes de Mundial
JUDÔ
Árbitros ajudarão seleção a lidar com mudanças feitas recentemente
Uma série de mudanças nas regras do judô, esporte que mais deu medalhas olímpicas para o Brasil (22), fará com que a confederação nacional promova um “intensivão” com os atletas da seleção antes do Mundial de Budapeste, principal competição do ano, em agosto.
Os 14 ou mais judocas selecionados pela CBJ (confederação nacional) para o torneio passarão por reciclagem durante a fase final de preparação que ocorrerá em Pindamonhangaba, a 145 km de São Paulo. A entidade entende que a assimilação das alterações não é completa.
Segundo Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ, dois árbitros nacionais --Edson Minakawa e Jeferson Vieira, com participações em Jogos Olímpicos e Paraolímpicos-serão levados para o interior paulista para ajudar em simulações de combate e resolução de dúvidas.
“Toda mudança de regra gera resistência. Como ainda é algo recente, até mesmo os árbitros estão inseguros. Então é natural que os atletas e os técnicos fiquem, também”, afirmou Wilson à Folha.
Em dezembro, três meses depois dos Jogos do Rio, a federação internacional anunciou as novas regulações.
Elas estão em período de testes de janeiro passado até o Campeonato Mundial. Mas o mais provável é que sejam mantidas pelo menos até os Jogos de Tóquio, em 2020.
As modificações mais relevantes são a diminuição do tempo regulamentar de luta no naipe masculino, de cinco para quatro minutos, e a extinção do yuko, que era a menor pontuação possível.
A federação também decretou alterações nas punições: hoje é possível fazer técnicas de catada de perna sem ser eliminado diretamente (veja mais mudanças ao lado).
“A CBJ está ciente da situação e tem feito treinos específicos com os atletas da seleção para que haja uma compreensão melhor das mudanças. Por isso queremos levar os árbitros para o treinamento de campo antes do Mundial”, complementou o gestor. RECICLAGEM O período de “intensivão” em Pindamonhangaba irá de 6 a 12 de agosto. Uma semana depois (entre 19 e 26), a seleção já estará em Paris para finalizar a preparação para o Campeonato Mundial, de 28 de agosto a 3 de setembro.
Atual campeã olímpica do peso leve (até 57 kg), Rafaela Silva afirmou que tem sofrido para se adaptar. “Essa mudança é muito complicada. Tem gente que agora entra na luta para anular seu jogo, e não para ganhar”, comentou.
Um dos principais pontos, em sua visão, está na questão das punições. Se antes eram necessárias quatro para que um judoca fosse eliminado, agora são apenas três.
Para Rafaela, pela nova regra um atleta mais forte fisicamente pode ter vantagem.
“Tem atleta forte que não consegue derrubar, mas aí segura sua mão, empurra para fora do tatame ou abaixa a cabeça, e tudo isso leva a punição. Pronto. Perdeu a luta.”
A carioca de 25 anos foi a primeira judoca mulher do país a se sagrar campeã mundial, no Rio-2013. No currículo, também tem um vice, obtido na edição de Paris-2011.
Desde 2009, quando o Mundial foi realizado em Roterdã, na Holanda, o judô nacional não passa em branco em Campeonato Mundial.
Há dois anos, porém, em Astana (Cazaquistão), teve sua participação mais discreta desde então. Foram conquistadas “apenas” duas medalhas de bronze, com Érika Miranda e Victor Penalber. >O yuko, que era a pontuação mais baixa, deixa de existir. Ele ocorria quando um judoca era projetado de lado no tatame > Passam a valer somente o waza-ari, na qual as costas tocam quase totalmente o solo, e o ippon, pontuação após projeção na qual as costas do judoca batem totalmente no chão > Em casos de imobilização no solo, dez segundos rendem um waza-ari e 20 segundos valem um ippon > Antes, dois waza-aris acumulados representavam um ippon e finalizavam a luta. Agora, seguem cumulativos, mas não podem mais encerrar um combate > Se um judoca tenta evitar queda com movimento que ponha em risco cabeça, pescoço ou coluna, passa a ser automaticamente desclassificado > Se antes eram necessárias quatro punições para eliminação, agora são três > A catada de perna não mais desclassifica. Só em caso de reincidência