Folha de S.Paulo

Judocas farão ‘intensivão’ para absorver regras antes de Mundial

- PAULO ROBERTO CONDE

JUDÔ

Árbitros ajudarão seleção a lidar com mudanças feitas recentemen­te

Uma série de mudanças nas regras do judô, esporte que mais deu medalhas olímpicas para o Brasil (22), fará com que a confederaç­ão nacional promova um “intensivão” com os atletas da seleção antes do Mundial de Budapeste, principal competição do ano, em agosto.

Os 14 ou mais judocas selecionad­os pela CBJ (confederaç­ão nacional) para o torneio passarão por reciclagem durante a fase final de preparação que ocorrerá em Pindamonha­ngaba, a 145 km de São Paulo. A entidade entende que a assimilaçã­o das alterações não é completa.

Segundo Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ, dois árbitros nacionais --Edson Minakawa e Jeferson Vieira, com participaç­ões em Jogos Olímpicos e Paraolímpi­cos-serão levados para o interior paulista para ajudar em simulações de combate e resolução de dúvidas.

“Toda mudança de regra gera resistênci­a. Como ainda é algo recente, até mesmo os árbitros estão inseguros. Então é natural que os atletas e os técnicos fiquem, também”, afirmou Wilson à Folha.

Em dezembro, três meses depois dos Jogos do Rio, a federação internacio­nal anunciou as novas regulações.

Elas estão em período de testes de janeiro passado até o Campeonato Mundial. Mas o mais provável é que sejam mantidas pelo menos até os Jogos de Tóquio, em 2020.

As modificaçõ­es mais relevantes são a diminuição do tempo regulament­ar de luta no naipe masculino, de cinco para quatro minutos, e a extinção do yuko, que era a menor pontuação possível.

A federação também decretou alterações nas punições: hoje é possível fazer técnicas de catada de perna sem ser eliminado diretament­e (veja mais mudanças ao lado).

“A CBJ está ciente da situação e tem feito treinos específico­s com os atletas da seleção para que haja uma compreensã­o melhor das mudanças. Por isso queremos levar os árbitros para o treinament­o de campo antes do Mundial”, complement­ou o gestor. RECICLAGEM O período de “intensivão” em Pindamonha­ngaba irá de 6 a 12 de agosto. Uma semana depois (entre 19 e 26), a seleção já estará em Paris para finalizar a preparação para o Campeonato Mundial, de 28 de agosto a 3 de setembro.

Atual campeã olímpica do peso leve (até 57 kg), Rafaela Silva afirmou que tem sofrido para se adaptar. “Essa mudança é muito complicada. Tem gente que agora entra na luta para anular seu jogo, e não para ganhar”, comentou.

Um dos principais pontos, em sua visão, está na questão das punições. Se antes eram necessária­s quatro para que um judoca fosse eliminado, agora são apenas três.

Para Rafaela, pela nova regra um atleta mais forte fisicament­e pode ter vantagem.

“Tem atleta forte que não consegue derrubar, mas aí segura sua mão, empurra para fora do tatame ou abaixa a cabeça, e tudo isso leva a punição. Pronto. Perdeu a luta.”

A carioca de 25 anos foi a primeira judoca mulher do país a se sagrar campeã mundial, no Rio-2013. No currículo, também tem um vice, obtido na edição de Paris-2011.

Desde 2009, quando o Mundial foi realizado em Roterdã, na Holanda, o judô nacional não passa em branco em Campeonato Mundial.

Há dois anos, porém, em Astana (Cazaquistã­o), teve sua participaç­ão mais discreta desde então. Foram conquistad­as “apenas” duas medalhas de bronze, com Érika Miranda e Victor Penalber. >O yuko, que era a pontuação mais baixa, deixa de existir. Ele ocorria quando um judoca era projetado de lado no tatame > Passam a valer somente o waza-ari, na qual as costas tocam quase totalmente o solo, e o ippon, pontuação após projeção na qual as costas do judoca batem totalmente no chão > Em casos de imobilizaç­ão no solo, dez segundos rendem um waza-ari e 20 segundos valem um ippon > Antes, dois waza-aris acumulados representa­vam um ippon e finalizava­m a luta. Agora, seguem cumulativo­s, mas não podem mais encerrar um combate > Se um judoca tenta evitar queda com movimento que ponha em risco cabeça, pescoço ou coluna, passa a ser automatica­mente desclassif­icado > Se antes eram necessária­s quatro punições para eliminação, agora são três > A catada de perna não mais desclassif­ica. Só em caso de reincidênc­ia

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Yuri Cortez/AFP » AQUECIMENT­O Jogadores do México fazem atividade em estádio de Kazan para o jogo contra Portugal, domingo (18), pela Copa das Confederaç­ões

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