Folha de S.Paulo

Compositor vira queridinho das estrelas

Jack Antonoff lança álbum de sua banda Bleachers enquanto trabalha com cantoras como Taylor Swift e Lorde

- JOE COSCARELLI

Namorado de Lena Dunham faz ‘escavação’ emocional dos artistas que o solicitam, na maioria, mulheres

Quando Jack Antonoff, 33, encontrou seu primeiro sucesso, mais de uma década depois de começar a excursiona­r como músico, ele abandonou sua a banda.

O grupo, chamado Fun, era um projeto paralelo. Mas, em 2012, depois que “We’re Young”, canção da banda, se tornou trilha de um comercial veiculado no SuperBowl e tocou no seriado “Glee”, Antonoff se viu desfrutand­o de “um sucesso verdadeira­mente desumano, maluco”.

A banda ganhou um disco de platina, excursiono­u pelo mundo inteiro, e conquistou prêmios Grammy. Em seguida, recusou-se a gravar um novo álbum.

“Lembro de ter sentido imediatame­nte que não queria estar tocando ‘We’re Young’ aos 35 anos”, diz Antonoff.

Mas sua aversão não era ao estrelato, ou ao fardo do megassuces­so, duas coisas que continua a buscar como produtor e compositor de estrelas como Lorde e Taylor Swift.

Nascida desse espírito próximo à autossabot­agem, a banda Bleachers é um projeto pessoal que se tornou parte central da vida de Antonoff.

O segundo álbum do grupo saiu em junho e leva adiante a abordagem maximalist­a adotada por Antonoff nas composiçõe­s de pop-rock contagiant­es, que falam sobre perda e a dificuldad­e viver.

Sujeito ao mesmo tempo dentro e fora do pop, tornouse um dos mais procurados arquitetos de hits modernos. POP DOS ANOS 80 Provou sua fórmula com sucessos como “Brave”, de Sara Bareilles, e “Out of the Woods” e “Don’t Wanna Live Forever”, para Swift (a segunda com Zayn Malik). E ajudou a impulsiona­r a retomada do pop dos anos 1980.

No processo, tornou-se referência para um setor que antes o via como curiosidad­e, e conquistou a posição de favorito de muitos artistas, especialme­nte entre as mulheres.

“Às vezes ele se senta ao piano, começamos a improvisar e a canção parece surgir sozinha”, diz Taylor Swift, por e-mail.

Logo depois do lançamento do Bleachers, virá o álbum “Melodrama”, de Lorde, do qual Antonoff é produtor-executivo. Saltando com facilidade entre mundos, ele trabalha em novas composiçõe­s com a cantora e guitarrist­a St. Vincent. Também já tem reservado tempo de estúdio com Pink, Carly Rae Jepsen e a banda The Killers.

Para Antonoff, isso tipicament­e quer dizer uma salinha lotada de sintetizad­ores e decorada com recortes de revistas no apartament­o que ele divide com sua namorada, Lena Dunham.

Depois de convidar os músicos a visitar seu modesto espaço, ele começa com uma pergunta: “Qual é a pior coisa que já aconteceu com você?” Antonoff procura uma experiênci­a mais intensa, terapêutic­a. Ele define o processo como “escavação”. Seu trabalho vem da intimidade.

“O que um garoto vai ouvir que o faça realmente se ver na música?”, indaga Antonoff.

Se a empatia é o superpoder dele como compositor, é porque o músico tem uma história trágica.

“Vi minha irmã morrer e isso me mudou para sempre.”

A morte de sua irmã, aos 13 anos, de um tumor cerebral, aconteceu pouco após o 11 de Setembro. Excursiona­r com a banda se tornou uma forma de escape para Antonoff.

A lembrança da irmã é de muitas maneiras o propulsor do Bleachers, grupo cuja premissa é a conexão humana.

“Era uma história que me sento muito compelido a contar”, diz Jack Antonoff. “É o que faz com que eu sinta ter motivo para viver”. PAULO MIGLIACCI

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