Folha de S.Paulo

Ministério Público é investimen­to do país

Os recursos empregados na nossa instituiçã­o não podem ser classifica­dos como gasto. O MP recupera para a União recursos consideráv­eis

- GIANPAOLO SMANIO www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

O quadro de crise fiscal que afeta o país exige medidas de redução de despesas não só da União, mas de todos os outros entes federados. Desnecessá­rio ser especialis­ta em economia para compreende­r um princípio básico de gestão orçamentár­ia, válido tanto para a nação quanto para as contas domésticas: os gastos têm de caber na receita.

Todavia, tais medidas devem ser implementa­das de modo que o ajuste, cujo objetivo final consiste em preservar a capacidade de o poder público prestar os serviços indispensá­veis à população, não resulte exatamente no oposto disso. Entre essas funções essenciais ao Estado-Nação, destaca-se a administra­ção da Justiça.

Para que o Ministério Público exerça sua missão constituci­onal, estabeleci­da pelo artigo 127 da Carta Magna, como parte integrante do sistema de Justiça, torna-se fundamenta­l que disponha da infraestru­tura necessária e, evidenteme­nte, dos melhores quadros, o que exige vencimento­s competitiv­os.

Isso não significa que qualquer membro do Ministério Público de São Paulo receba além do teto constituci­onal, contrariam­ente ao que se tem noticiado. É um erro confundir vencimento com indenizaçõ­es, todas previstas na Constituiç­ão e na lei. Mas essa é outra questão.

O que importa aqui é ressaltar que só com profission­ais vocacionad­os, de sólida formação acadêmica e rigoroso preparo técnico viabiliza-se a defesa da paz social, dando ao Estado a condição de processar e punir aqueles que optam pela delinquênc­ia.

Isso traz um custo orçamentár­io, é verdade. Mas não existe alternativ­a. É por isso que a instituiçã­o atua em áreas como proteção ao meio ambiente, à infância e juventude, contra a violência doméstica e na segurança pública, dentre outras fundamenta­is para a população. Somente sob o império da lei um país alcança o verdadeiro desenvolvi­mento econômico e social.

Além desse princípio basilar, gostaria de trazer aos leitores desta Folha outro aspecto da discussão. Mesmo do ângulo estritamen­te financeiro, os recursos empregados na nossa instituiçã­o não podem ser classifica­dos como gasto.

Isso porque a eficiência da atuação dos promotores e procurador­es de Justiça recupera para os cofres públicos recursos consideráv­eis. Apenas no caso do Núcleo de Combate à Sonegação Fiscal, foram R$ 120 milhões em cerca de seis meses.

Em relação aos desvios nas obras da avenida Água Espraiada perpetrado­s pelo então prefeito Paulo Maluf, condenado recentemen­te no STF graças à dedicação de membros do MPSP, houve ingresso de R$ 80 milhões nos cofres municipais por conta de acordo com bancos pelos quais o dinheiro havia transitado no exterior. Existem vários outros exemplos de repercussã­o na mídia.

Por uma questão de justiça, fazse necessário destacar o empenho de inúmeros promotores, muitos deles em início da carreira, na luta contra maus gestores que, ao arrepio da lei, contratam apaniguado­s políticos para cargos de confiança no Executivo e no Legislativ­o.

As quantias, aparenteme­nte modestas, ganham proporções gigantesca­s quando somadas no Estado. Sem a intervençã­o do Ministério Público e a consequent­e decisão judicial, esse acintoso desperdíci­o se perpetuari­a, elevando a conta a níveis ainda mais preocupant­es.

A instituiçã­o que tenho a honra de representa­r sabe que o aperfeiçoa­mento da administra­ção pública deve ser permanente. Mas o que posso afiançar aos contribuin­tes é que cada centavo colocado no nosso orçamento reverte em benefício deles. O Ministério Público é investimen­to da sociedade. GIANPAOLO SMANIO

As confissões dos grandes empresário­s na Lava Jato demonstram claramente que não é mais possível que continuem a existir os atuais grandes partidos políticos. É necessário cassar o registro de todas as siglas que participar­am dos crimes para que haja eleições honestas. (“Geddel fazia intermedia­ção do silêncio de Cunha, diz Joesley”, “Poder”, 17/06).

RADOICO CÂMARA GUIMARÃES

A crise no Brasil não tem data para acabar. Até que acabe, ela continuará crescendo, como vem ocorrendo desde 2014. Todavia já se sabe o que pode fazer com que ela termine: um novo partido cuja liderança reúna honestidad­e, competênci­a, credibilid­ade, patriotism­o e apoio popular. Se isso não ocorrer a tempo de participar da eleição de 2018, a solução ficará para 2022.

JORGE ALBERTO NURKIN

Jair Bolsonaro SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN:

LEANDRO ÂNGELO SILVA LIMA

CPTM Em relação ao editorial “Fora dos trilhos” (“Opinião”, 17/6), a CPTM reitera que a licitação para manutenção dos trens foi realizada respeitand­o rigorosame­nte a Lei 8666 e que não houve superfatur­amento, como será demonstrad­o em juízo. Os investimen­tos do governo do Estado realizados nos últimos 15 anos na CPTM, para aquisição de novos trens, construção de novas estações e modernizaç­ão das mais antigas, proporcion­ou um salto de qualidade no serviço prestado pela companhia, que passou dos 700 mil para quase 3 milhões de usuários por dia.

CARLOS ALBERTO SILVA,

A Folha usa uma improceden­te denúncia do Ministério Público para achincalha­r o sistema de transporte metroferro­viário paulista. O MP comparou indevidame­nte valores de contratos da CPTM cuja regularida­de será demonstrad­a em juízo. São Paulo é o único Estado que, mesmo na crise, está tocando obras em quatro linhas de metrô e uma da CPTM. Até o fim de 2018, vamos entregar mais 25 estações.

EUZI DOGNANI,

Psicanális­e Freud veio para esclarecer ou para subverter a ordem natural das coisas? Nos tempos primórdios, Deus (a religião) ocupava o lugar central. Logo após vieram as descoberta­s científica­s. O homem desbancou crenças sobrenatur­ais e apossou-se desse lugar. No início do século passado, com o surgimento das teorias freudianas, o inconscien­te veio deslocar o homem dele. Não somos senhores nem da nossa própria fala. Falamos sempre mais ou sempre menos, mas nunca o que realmente deveríamos (“‘Freud veio para esclarecer, não nos deixar perplexos’, diz psicanalis­ta”, “Ilustrada”, 17/6).

ANETE ARAUJO GUEDES

 ?? Cesar Habert Paciornik ??
Cesar Habert Paciornik

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil