Folha de S.Paulo

QUEM SERÁ O SUCESSOR?

Oito procurador­es da República concorrem a vaga de Janot em lista tríplice que será entregue a Temer

- REYNALDO TUROLLO JR.

DE BRASÍLIA

Em maio de 2016, Michel Temer desautoriz­ou o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, quando este defendeu que o governo não nomeasse como procurador-geral da República o nome mais votado por integrante­s do MPF (Ministério Público Federal).

“Quem escolhe o Procurador-Geral da República, a partir de lista tríplice, é o presidente da República. O presidente manterá tradição de escolha de primeiro de lista tríplice para PGR”, disse Temer, na ocasião, em nota.

Hoje, ele mudou o tom e vem dando pistas de que pode não agir assim.

A Constituiç­ão dá ao presidente a prerrogati­va de escolher um nome dentre todos os integrante­s do MPF com mais de 35 anos de idade. Mas, desde 2001, a ANPR (Associação Nacional dos Procurador­es da República) organiza uma eleição entre os membros da carreira e submete ao presidente os três nomes mais votados —a votação será em 27 de junho. O mandato do atual procurador-geral, Rodrigo Janot, vai até 17 de setembro.

Em 2001, Fernando Henrique Cardoso ignorou a lista e reconduziu à PGR Geraldo Brindeiro. A partir de 2003, com Lula, os presidente­s nomearam o primeiro da lista — foi assim em 2015, quando Dilma Rousseff reconduziu Janot.

Para o presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, é importante que o indicado seja da lista, porque uma pessoa nomeada “por fora” seria vista como “usurpadora”.

“A ANPR tem a posição de que os três nomes têm legitimida­de. O MPF, hoje, não é administrá­vel por alguém indicado fora da lista. Ele teria dificuldad­e enorme de arrumar quem o assessore”, diz.

A sinalizaçã­o de Temer de que pode quebrar a tradição dos últimos 14 anos gerou expectativ­a em aliados de que o governo opte por alguém mais palatável —Planalto e Janot veem-se hoje em lados opostos.

Robalinho minimiza a possibilid­ade. Para ele, o fato de Janot não ter se candidatad­o novamente “retira esse fator de tensão do ambiente”.

Ele diz, porém, que quem quer que seja nomeado não conseguirá frear a Lava Jato.

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