CRÍTICA ‘Bruxarias’ busca o simples para encantar
Com cara de desenho à moda antiga, longa traça contraponto interessante entre a tradição e a modernidade
FOLHA
Mesmo em tempos de animações hiper-realistas, a simplicidade também pode encantar e despertar a simpatia do público. Essa é a proposta de “Bruxarias”. Filmado em stop-motion, o longa dirigido pela espanhola Virginia Curiá preserva os traços artesanais e tem cara de desenho à moda antiga —certamente o seu maior charme.
As cores vivas, as belas paisagens e o jogo de luzes contribuem para enriquecer a identidade visual da história de Malva, uma garotinha curiosa de olhos arregalados, que vive xeretando as fórmulas secretas de sua avó.
Em um trailer repleto de ervas, plantas e pozinhos, a curandeira esconde grande tesouro: uma poção capaz de fazer qualquer coisa voar.
Com o sonho de entrar para uma equipe de parapente, Malva coloca as mãos na receita que tanto procurou e acaba provocando uma baita confusão. A partir daí, o roteiro estabelece uma contra- posição interessante entre magia e tecnologia; entre tradição e modernidade.
De um lado, os segredos milenares guardados pela ordem das bruxas. Do outro, as transformações desencadeadas pela internet e pelo celular, acessório inseparável da menina de 10 anos.
Com a missão de resgatar a avó —sequestrada por uma inescrupulosa empresária do ramo farmacêutico que pretende patentear todas as fórmulas mágicas—, Malva parte numa aventura cheia de diversão e descobertas.
A controvérsia fica por conta do ritmo da narrativa. Muito mais próximo ao de uma fábula, pode parecer arrastado e tedioso aos olhares acostumados à velocidade frenética de algumas animações recentes.
De fato, os 78 minutos de projeção não passam voando. Há cenas e personagens desnecessários, que, além de não acrescentarem, tornam a trama meio confusa em determinados momentos. A coragem e a determinação da garotinha também não combinam com tanta manha.
Isso sem falar nos caracóis falantes. Simpáticos à primeira vista, os fiéis escudeiros de Malva testam a paciência dos espectadores conforme a trama se desenrola.
Os tropeços, porém, não comprometem o conjunto de “Bruxarias”, que carrega uma mensagem sensível sobre a relação entre avós e netos e ganha pontos ao escolher um caminho bem menos convencional do que aquele trilhado por grande parte dos filmes infantis. (BRUJERÍAS) DIREÇÃO Virginia Curiá PRODUÇÃO Espanha, 2015, livre QUANDO estreia nesta quinta (22) AVALIAÇÃO bom