Folha de S.Paulo

Governo avalia fazer mais concessões para votar Previdênci­a

Idade mínima proposta na reforma para aposentado­ria das mulheres pode ser reduzida de 62 para 60 anos

- DANIEL CARVALHO GUSTAVO URIBE

Auxiliares de Temer defendem mudanças para garantir aprovação de proposta, mas ala econômica é contra

O Palácio do Planalto está disposto a fazer novas concessões para viabilizar a aprovação da reforma da Previdênci­a no Congresso, acatando mudanças que poderiam reduzir ainda mais o impacto das mudanças e a economia esperada pelo governo.

A crise política provocada pela delação dos donos da gigante de alimentos JBS paralisou as discussões da reforma, que está pronta para ir a votação no plenário da Câmara dos Deputados. Com medo de sofrer uma derrota, o governo decidiu adiar a votação para o segundo semestre.

Aliados de Temer acham melhor deixar a reforma para depois que a Câmara analisar a denúncia criminal que a Procurador­ia-Geral da República deve apresentar em breve contra o presidente, que foi acusado pelos donos da JBS de receber propina para defender seus interesses.

Auxiliares de Temer dizem que o governo se prepara para ceder em um dos pilares da reforma da Previdênci­a —a idade mínima proposta para aposentado­ria das mulheres poderia ser reduzida novamente, dos 62 anos estabeleci­dos pela proposta negociada com a Câmara para 60.

Além disso, Temer deve ceder à pressão de parlamenta­res do Nordeste e manter o regime atual de aposentado­ria para trabalhado­res rurais. Pode também descartar mudanças nas regras do BPC (Benefício da Prestação Continuada) e equiparar as regras de aposentado­ria dos agentes penitenciá­rios e dos policiais federais e legislativ­os.

Ainda não há consenso sobre as mudanças no Palácio do Planalto. Alguns ministros da área política se dizem contra novas concessões. A equipe econômica também quer preservar a proposta aprovada pela comissão especial que debateu o tema na Câmara.

Apesar da crise, o diálogo do governo com o Congresso está sendo retomado aos poucos. No entanto, ninguém mais ousa cravar uma data para votação da reforma. Como se trata de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão), será necessário o apoio de 308 dos 513 deputados para aprová-la no plenário.

Com o recuo nas regras da aposentado­ria rural, trabalhado­res do campo poderiam continuar se aposentand­o com comprovaçã­o de exercício da atividade rural por 15 anos e idade mínima cinco anos menor que a dos demais trabalhado­res que se aposentam por idade —mulheres aos 55 e homens aos 60 anos.

Já o benefício assistenci­al, que é pago a idosos (a partir dos 65 anos) e pessoas com deficiênci­a que têm renda familiar per capita de até 1/4 do salário mínimo, teria idade mínima elevada para 68 anos. LAÍS ALEGRETTI,

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Aris Messinis/AFP » CHORUME Funcionári­o do setor limpeza de Atenas protesta contra medidas de austeridad­e que podem levar a cortes; capital grega enfrenta 3 dias sem coleta de lixo

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