Folha de S.Paulo

Mercado vê sinais de ritmo igual na queda do juro

- MAELI PRADO

Para analistas, BC aliviou o tom

O Banco Central amenizou o discurso de que poderia promover um corte abaixo de um ponto percentual nos juros, hoje em 10,25% ao ano, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

Essa é a avaliação de parte de analistas de mercado sobre o relatório trimestral de inflação, divulgado nesta quinta-feira (22), em que a autoridade monetária reduziu sua projeção para a inflação de 2017 de 4% para 3,8%.

O corte mais recente foi de um ponto, mas em meio ao agravament­o da crise política —a reunião aconteceu logo após a delação da JBS envolvendo Michel Temer. Na ocasião, o comunicado da decisão sinalizou que o próximo corte seria “moderado”, ou seja, abaixo de um ponto.

Já no relatório divulgado nesta quinta-feira (22), o BC diz que, na ata mais recente, o Copom entendeu que uma redução moderada “deveria se mostrar adequada”. O tempo verbal foi encarado por parte do mercado como sinal de que a chance de um corte menor na taxa básica de juros em julho se reduziu.

“A principal mensagem não foi radicalmen­te diferente do comunicado, mas o tom geral se tornou um pouco mais tímido, com o Banco Central menos áspero e categórico”, afirmou o banco Goldman Sachs em relatório.

O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, afirmou que “em nenhum momento nos compromete­mos com decisões futuras”.

“Tentamos dar balizament­os, julgar fatores que serão importante­s para decisões futuras, para as pessoas poderem antecipar de forma melhor as decisões que tomaremos à frente. Nunca há predetermi­nação de uma decisão seguinte.”

Pelo cenário de mercado, que leva em conta juros e câmbio da pesquisa Focus, o IPCA do terceiro trimestre ficará em 2,9% e chegará a 3,8% no final do ano —a meta de inflação é de 4,5%.

“A própria crise política é deflacioná­ria”, avalia André Perfeito, da Gradual Investimen­tos. “Fatores como atividade econômica fraca e a inflação muito baixa, em conjunto, mudam esse cenário que eles estavam vendo lá atrás.”

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