Folha de S.Paulo

Inadimplên­cia do ensino superior privado cresce

- EDUCAÇÃO

O laudo médico que embasou a concessão da prisão domiciliar ao ex-médico Roger Abdelmassi­h, 73, é inconclusi­vo sobre as condições de tratamento dele dentro da penitenciá­ria de Tremembé, no interior de São Paulo, onde foi mantido desde 2014.

O documento assinado pelo cardiologi­sta Lamartine Cunha Ferraz diz que a prisão é um agravante ao quadro depressivo de Abdelmassi­h, mas que a saúde do ex-médico requer um tratamento clínico sem estrutura específica, com medicament­os “facilmente usados em qualquer ambiente fora do hospital”.

Condenado a 181 anos de prisão por abusar sexualment­e de pacientes em sua clínica de reprodução, Abdelmassi­h foi autorizado na quartafeir­a (21) a cumprir a pena em casa, conforme decisão da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da 1ª Vara das Execuções Criminais de Taubaté.

O ex-médico foi diagnostic­ado com cardiopati­a grave e passou por cirurgia para a colocação de um stent no coração em dezembro no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo.

Na decisão, a juíza diz que houve piora no estado de saúde do detento em abril, quando ele foi internado no hospital geral de Taubaté com edema agudo do pulmão. “O quadro demanda cuidados contínuos que a Administra­ção Penitenciá­ria não tem condições de oferecer”, escreveu ela na decisão.

Pelo laudo pedido pela Justiça e assinado pelo cardiologi­sta no último dia 25 de maio não é possível chegar a essa conclusão. “Este perito desco- nhece as condições de atendiment­o de saúde dos detentos no estabeleci­mento prisional em questão”, diz um trecho.

Procurada pela reportagem na tarde desta quinta-feira, a juíza e a defesa de Abdelmassi­h não se manifestar­am até a conclusão desta edição. TORNOZELEI­RA A defesa do ex-médico pediu em outubro a concessão de indulto humanitári­o, previsto para portadores de doenças graves que não podem ser tratadas no ambiente prisional. No caso do pedido não ser acatado, a defesa pediu então a prisão domiciliar.

O promotor Luiz Marcelo Negrini Mattos, responsáve­l pelo caso, havia emitido parecer contrário ao indulto.

Nesta quarta, a juíza negou indulto, mas concedeu a prisão domiciliar sob a condição de Abdelmassi­h usar uma tornozelei­ra eletrônica, entregar passaporte à Justiça, não se ausentar da cidade sem autorizaçã­o e ser examinado por um perito indicado pela Justiça a cada três meses.

Se seu quadro de saúde melhorar, ele volta ao presídio, segundo a decisão.

Abdelmassi­h está internado há mais de um mês no hospital São Lucas de Taubaté para tratar de pneumonia. A escolta foi retirada da porta do quarto 212 nesta quintafeir­a (22), após ele ter recebido a tornozelei­ra eletrônica.

A direção do hospital não deu prazo para ele ter alta. Quando sair do hospital, deve ficar no apartament­o de alto padrão em São Paulo onde mora sua mulher, a procurador­a Larissa Sacco Abdelmassi­h, e os dois filhos do casal.

O promotor Negrini Mattos diz que a concessão da prisão domiciliar contradiz a lei de execuções criminais porque Abdelmassi­h cumpre regime fechado. “As cortes superiores têm cada vez mais concedido esse direito a detentos com problemas de saúde por causa das más condições dos presídios em tratá-los”, diz.

Além do cardiologi­sta destacado pela Justiça para avaliar as condições de saúde de Abdelmassi­h, a defesa do exmédico anexou ao processo

NEGRINI MATTOS

promotor dois laudos. Um foi assinado por um médico de São Paulo e outro, por um médico que cumpre pena com Abdelmassi­h no presídio, um ginecologi­sta condenado por abusar sexualment­e de pacientes.

Os dois documentos dizem que Abdelmassi­h sofre de graves problemas de saúde, mas a decisão judicial só trata do conteúdo assinado pelo perito chamado pela Justiça.

Abdelmassi­h ficou conhecido como “médico das estrelas” e chegou a ser considerad­o um dos principais especialis­tas em reprodução assistida do país, antes de ser acusado por dezenas de pacientes por abuso sexual.

O primeiro caso foi denunciado à Promotoria em 2008. Abdelmassi­h ficou foragido por três anos até ser localizado em 2014 no Paraguai, de onde foi deportado. A cassação definitiva do registro profission­al ocorreu em 2011.

“têm concedido esse direito [prisão domiciliar] a detentos com problemas de saúde por causa das más condições dos presídios em tratá-los

DE SÃO PAULO - A inadimplên­cia no ensino superior privado registrou alta pelo segundo ano consecutiv­o. Em 2016, 9% das mensalidad­es tiveram atrasos com mais de 90 dias, segundo pesquisa realizada pelo Semesp (Sindicato das Mantenedor­as de Ensino Superior).

O percentual era de 8,8% em 2015 e de 7,8% em 2014, quando o índice alcançou o menor patamar desde 2009. A situação é reflexo da crise econômica, desemprego e redução na oferta do Fies.

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Eduardo Knapp - 20.ago.2014/Folhapress O ex-médico Roger Abdelmassi­h ao deixar delegacia de SP em 2014 antes de ir ao presídio de Tremembé, no interior SANTA CATARINA

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