Com jovens, Angeli e Laerte criam revista
Dupla promove laboratório com residência artística, oficinas e acervo digital para criar nova publicação, ‘Baiacu’
Para Angeli, humor escrachado dos anos 1980 ‘já não interessa’; publicação deve sair impressa em novembro
Angeli e Laerte se reúnem pela primeira vez, desde os anos 1980, quando com outros amigos publicaram a lendária revista “Chiclete com Banana”, para fazer mais uma revista —mas não só.
A primeira edição da “Baiacu”, que sai impressa em novembro, pela editora Todavia, será usada como laboratório. Começará com uma residência artística com dez convidados na Casa do Sol, sítio em Campinas onde a escritora Hilda Hilst (1930-2004) viveu.
Participam nomes como Eloar Guazzelli, Mariana Paraizo, Fabio Zimbres, Rafael Sica, o grego Ilan Manouach e a colombiana Power Paola.
“Eu e Angeli estávamos há um bom tempo sem revista, devido a sucessivas crises econômicas e editoriais no país, que liquidaram a produção que havia nos anos 1980 e 1990”, diz Laerte, cartunista da Folha.
A mudança dos tempos também se reflete na linha editorial. Para Angeli, colaborador do jornal, aquele humor escrachado, das gargalhadas, “já não interessa mais”. “Ficou lá na década de 1980”, afirma.
Agora, diz, a busca é “mais profunda”. “O que nos move é a renovação. É claro que o humor estará presente porque faz parte do nosso discurso, mas há vertentes e a ideia é não repetir o que passou.”
Ao mesmo tempo, o Sesc Ipiranga recebe uma exposição sobre o trabalho dos artistas selecionados. A mostra será aberta com uma aula magna de Laerte, Angeli, Rafael Coutinho e André Conti.
Depois, os artistas convidados darão uma série de oficinas na unidade. Elas terão temas como os processos narrativos e o desenho livre.
Além dos residentes, outros artistas colaborarão com a revista. O escritor André Sant’Anna, por exemplo, fará uma seção sobre “monstros”. A ideia é pegar alguma figura pública execrável e defendê-la ironicamente.
A poeta Bruna Beber terá uma seção de poesia, ao passo que o escritor Daniel Galera deve publicar contos.
A “Baiacu”, por enquanto, é uma obra em progresso —e poderá ser acompanhada passo a passo pelos leitores.
Um site (sescsp.org.br/ baiacu) vai ao ar em breve e mostrará os bastidores da residência artística e da elaboração da publicação. Ali, também estarão disponíveis todas as capas da “Chiclete com Banana” —e será possível ler cem páginas de cada edição.
“A ‘Baiacu’ terá tecnologia aliada à história. E sabe-se lá mais o quê”, resume Angeli.