Folha de S.Paulo

CRÍTICA ‘Glow’ retrata as mulheres da luta livre com humor e respeito

Programa dos criadores de ‘Orange Is the New Black’ é inspirado em caso real

- TETÉ RIBEIRO

“Glow” tem ótimo pedigree. Criada por Liz Flahive (de “Nurse Jackie”) e Carly Mensch (de “Orange Is the New Black”) e produzida por Jenji Kohan (também de “OITNB”), a série tem alguns dos melhores papéis femininos da TV recente.

O título vem de um acrônimo (“gorgeous women of wrestling”, ou “mulheres incríveis da luta livre”) e é inspirado em uma história real: a formação de uma equipe de luta livre apenas com mulheres para um programa de TV nos anos 1980.

Mistura uma boa dose de comédia com muito drama e um tanto de nostalgia “trash” que só aquela década pode trazer, com seus cabelões armados, calças semibaggy com cintura lá em cima, decotes profundos, ombreiras e muito colante cavado.

A personagem central, Ruth (Alison Brie, de “Mad Men”), é uma atriz desemprega­da e frustrada com os testes que são oferecidos a ela, nos quais quase sempre falha. Como diz uma diretora de casting numa das primeiras cenas, “você é a garota que a gente traz quando os diretores pedem uma mulher real, aí eles veem você e se convencem de que não querem uma pessoa normal”.

Ela e mais um time de mulheres pouco convencion­ais são convidadas para um teste. Só sabem que não é pornô. Quando descobrem do que se trata, sobra bem menos da metade.

As escolhidas ganham os apelidos mais ofensivos possíveis. Uma garota filipina vira “Fortune Cookie” (ou “Biscoito da Sorte”), a filha de indianos é “Beirut”. Uma mulher negra e mais velha reclama de ser chamada de “Welfare Queen” (algo como “Rainha do Seguro-Desemprego”).

Ruth é a última das mulheres a ganhar sua nova persona (e não vale a pena estragar a surpresa), exatamente porque é a mais normal delas. Mas é a primeira a ter uma rival de ringue de verdade, quando sua ex-melhor amiga, Debbie (Betty Gilpin), uma atriz bonitona que desistiu da carreira para criar o filho, descobre que ela transava com seu marido. Furiosa, vai até a academia onde as mulheres treinam e tem uma briga de verdade com Ruth. O diretor e o produtor amam o que veem e oferecem a Debbie um papel de destaque no programa.

O elenco feminino lembra o de “OITNB”, cheio de cores e formas que se vê pouco nas séries de TV. E o mix de humor e drama tem muito de “Nurse Jackie”. Mas o principal, o que faz a série ser daquelas que você vê um episódio atrás do outro (e são só dez), é o respeito que “Glow” tem pela luta livre como uma forma de entretenim­ento.

Cada parte revela um pouco sobre o mundo do “wrestling”, e mesmo quem nunca parou para ver uma luta de verdade vai se divertir com as incríveis mulheres lutadoras. NA INTERNET Glow ONDE estreia sex. (23), na Netflix AVALIAÇÃO muito bom

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Erica Parise/Divulgação Alison Brie interpreta Ruth, protagonis­ta da nova série

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