Folha de S.Paulo

Antigo motorista que trabalhou décadas para o ex-chanceler e queria assinar um livro de condolênci­as.

- JEAN-PHILIP STRUCK

COLABORAÇíO PARA A FOLHA, EM BONN

Era para ser um momento de celebração de uma vida política. Mas um drama familiar marcado por trocas de acusações e ajustes de contas vem dando contornos novelescos para o funeral do exchancele­r alemão Helmut Kohl, obscurecen­do as homenagens ao considerad­o pai da reunificaç­ão alemã.

À frente da Alemanha de 1982 a 1998, Kohl morreu no último dia 16, aos 87 anos, após enfrentar anos de isolamento e problemas de saúde. Com a morte, ressurgiu uma disputa entre seus dois filhos do primeiro casamento, Walter e Peter, e a segunda mulher dele, Maike Richter.

O novo episódio ocorreu na quarta-feira (21), quando Walter foi até a casa do pai, em Ludwigshaf­en, e tocou a campainha. Ninguém atendeu. Meia hora depois, policiais chegaram a pedido da viúva e ordenaram que Walter, seu filho e uma sobrinha deixassem o local.

Tudo foi transmitid­o nas TVs de um país pouco acostumado a notícias sobre a vida pessoal de seus políticos. A imagem do filho e do neto com as mesmas feições do exchancele­r sendo expulsos do local chocou os alemães.

O advogado da viúva acusou Walter de intenciona­lmente provocar uma cena e de antes ter ignorado um telefonema. Walter, um palestrant­e motivacion­al que promove uma filosofia de “reconcilia­ção”, disse que o comportame­nto de Maike foi “desrespeit­oso” e que o advogado era um mentiroso.

Na semana passada, ele já havia declarado à imprensa que só soube da morte do pai pelo rádio. Walter também reclama que os preparativ­os do funeral são monopoliza­dos por Maike e discordou dos locais escolhidos para o velório e enterro.

A revista “Der Spiegel” deu o tom da disputa na sua última capa, com o título “A luta por um morto”, deixando de lado a cobertura laudatória que vinha marcando a imprensa local.

Na quinta-feira (22), a cena da campainha se repetiu. Desta vez o barrado foi um DISPUTA O conflito familiar era público havia anos. Peter Kohl, irmão de Walter, disse numa entrevista que não via o pai desde 2011. Os filhos eram também severos críticos do ex-chanceler, a quem acusavam de ter sido ausente. Walter disse num livro que a União Democrata Cristã (CDU, partido de Kohl) era “a verdadeira família” do pai.

Ele e Peter são filhos do exchancele­r com Hannelore Kohl, que se suicidou em 2001 após viver quase uma década em completo isolamento por uma severa alergia a raios solares. Um biógrafo sugeriu que a doença era psicossomá­tica, causada por traumas reprimidos —ela contou que aos 12 anos foi estuprada por um grupo de soldados russos na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Enquanto Hannelore ainda padecia, Kohl conheceu Maike Richter, funcionári­a da CDU na chancelari­a e 34 anos mais jovem. Eles se casaram em 2008, quando Kohl já estava numa cadeira de rodas e com dificuldad­es de falar após sofrer um AVC e uma queda. Ela logo se tornou uma espécie de guardiã.

Em 2013, Peter e Walter acusaram Maike de ter isolado o pai do mundo exterior e de transforma­r a antiga casa de suas infâncias em um perturbado­r museu de idolatria ao ex-chanceler. Em um livro, Peter chegou a classifica­r Maike como “fã obsessiva”.

Mas a imprensa alemã também especula se ela não estaria

Pouco depois de deixar o poder em 1998, a reputação de Kohl foi manchada por um caso de caixa dois que envolveu a CDU. O caso resultou na sua queda como chefe do partido.

O vazio foi preenchido por uma antiga protegida de Kohl, a atual chanceler Angela Merkel, que promoveu uma autocrític­a na sigla e se afastou do antigo padrinho.

A atitude de Merkel não parece ter sido esquecida pela viúva de Kohl. Segundo a “Spiegel”, Maike planejava exclui-la do funeral e ainda permitir que o premiê húngaro, Viktor Orbán, crítico feroz da política para refugiados da Alemanha, discursass­e —ela teria sido demovida da ideia por membros da CDU.

Oficialmen­te, o velório público de Kohl será em 1º de julho, na sede do Parlamento Europeu, em Estrasburg­o (França). Após a controvérs­ia, está previsto que Merkel deverá dividir o palco com outros líderes e ex-chefes de Estado, como Bill Clinton.

A viúva informou que o enterro será num pequeno cemitério em Speyer, e não no jazigo da família Kohl, em Ludwigshaf­en, onde a primeira mulher está enterrada.

Para o filho Walter, o pai deveria ter sido velado em Berlim e enterrado ao lado da sua mãe.

O estudante confessou ter roubado uma peça de propaganda política em uma área reservada aos empregados do hotel de Pyongyang onde estava hospedado como parte de uma excursão.

Detido em janeiro de 2016, ele foi condenado pelo Supremo Tribunal da Coreia do Norte em março daquele ano.

Após ter retornado aos EUA, Warmbier estava em coma e recebia tratamento em um hospital no Estado de Ohio. Pyongyang diz que o ele havia contraído botulismo e entrou em coma após tomar um comprimido sonífero.

O médico responsáve­l por seu tratamento, no entanto, disse que Warmbier não apresentav­a sinais da doença.

 ?? Matthias Schrader - 5.jul.2010/Associated Press ?? Família não concorda com local escolhido por viúva para enterro; ela também queria barrar Merkel no velório Helmut Kohl é conduzido por Maike Richter, sua 2ª mulher, num evento em julho de 2010
Matthias Schrader - 5.jul.2010/Associated Press Família não concorda com local escolhido por viúva para enterro; ela também queria barrar Merkel no velório Helmut Kohl é conduzido por Maike Richter, sua 2ª mulher, num evento em julho de 2010

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