Folha de S.Paulo

Centrais sindicais divergem e desistem de greve geral no dia 30

- CATIA SEABRA

Enfrentand­o divergênci­as internas após intervençã­o do governo Temer, as centrais sindicais desistiram, nesta sexta (23), da convocar uma greve geral para o dia 30, como anteriorme­nte anunciado.

Após três horas de reunião, dirigentes de nove centrais divulgaram nota em que apresentam um calendário de mobilizaçõ­es, mas sem usar a expressão greve geral.

Dirigentes de Força Sindical, UGT, Nova Central e CSB deverão se reunir na semana que vem com o presidente Michel Temer. CUT e CTB poderão ser convidadas. “Vamos parar o Brasil”, diz a nota.

Pesou para a decisão a constataçã­o de que os trabalhado­res da área de transporte­s, especialme­nte os de São Paulo, não parariam no dia 30. Os metroviári­os resistiram sob argumento de que foram punidos com perda de quatro dias de salário em decorrênci­a da greve do dia 28 de abril.

Mas não foi só. A Força Sindical recuou após forte articulaçã­o do governo Temer. Nesta semana, dirigentes de Força, UGT, Nova Central e CSB foram convidados para uma reunião com o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Ficou acertada uma audiência com o presidente.

Segundo participan­tes, o ministro manifestou o temor de que o dia fosse marcado pelo “Fora Temer”e acenou com a possibilid­ade de manutenção da contribuiç­ão sindical e a extinção gradativa do imposto.

A CUT (Central Única dos Trabalhado­res) admite a suspensão da contribuiç­ão. A Força Sindical reivindica sua permanênci­a. Diante da possibilid­ade de negociação, a Força passou a defender que o dia 30 tivesse o caráter de dia nacional de mobilizaçã­o e paralisaçã­o.

O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o “Juruna”, afirma que o “governo sinalizou com o diálogo” ao admitir a hipótese de veto ou edição de uma MP sobre o tema. E acrescenta: “Não é greve geral. É paralisaçã­o nacional, de acordo com a força de cada central”.

O recuo expõe rachas entre as diferentes centrais. Os bancários, filiados à CUT, defendiam adesão à greve. Metroviári­os, não.

As divergênci­as foram expressas na quinta-feira (22), nas notas divulgadas pela Força Sindical e CUT. Pela manhã, a Força Sindical divulgou um comunicado orientando seus filiados a realizarem “atos, manifestaç­ões e paralisaçõ­es em suas bases” na próxima sexta-feira (30).

À tarde, a CUT divulgou uma nota cujo título diz reforçar “greve do dia 30 contra as reformas de Temer”.

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