Escritor afirma que Hitler usava drogas
Em ‘High Hitler’, jornalista e romancista alemão Norman Ohler pesquisa tema pouco conhecido do regime nazista
Metanfetamina era usada por civis e líderes militares; para críticos, apuração tem falhas de precisão e veracidade FOLHA
OK, o trocadilho no título da edição brasileira parece infame, mas é bom. “High Hitler”, em inglês (“Hitler chapado”, ou drogado), se pronuncia de modo parecido com “Heil, Hitler”, em alemão (“Salve, Hitler”). Não é o título original, mas foi o título de matéria do britânico “The Guardian” sobre o livro.
Há dois tópicos básicos, disse o autor, o jornalista e romancista alemão Norman Ohler, 47, à Folha. O uso de drogas pelo líder nazista Adolf Hitler e seus capangas e o uso de drogas pelas forças armadas alemãs, a Wehrmacht.
“Surpreendentes” é o adjetivo que ele usou para definir as descobertas. Também se poderia dizer “polêmicas”.
Ohler foi atrás de um tema pouco conhecido, apesar de dezenas de anos de pesquisas e milhares de livros sobre o nazismo. Um amigo DJ lhe contou que Hitler e seus íntimos usavam drogas. Ele, que usou as substâncias no passado, foi atrás e levantou fatos novos.
Diz que derivados do ópio foram “cruciais” para o sucesso das primeiras campanhas e das invasões da Polônia e da França. “Faziam os soldados terem menos medo, e precisarem menos de sono.” Além de mais corajosos, podiam marchar e combater de dia e noite, ao contrário dos inimigos.
Para o escritor, as drogas foram principalmente importantes na primeira semana de campanhas, quando uma combinação de ataques esmagou tudo pela frente. E o corpo humano não aguentaria um prolongado uso de drogas.
Como diz no livro sobre a invasão da Polônia, que abriu a guerra em 1º de setembro de 1939; as drogas levavam “os homens dos tanques a não pensar muito sobre o que estavam procurando naquele país estranho, deixando-os fazer seu trabalho —mesmo que a tarefa fosse matar pessoas.”