Folha de S.Paulo

O mercado do cinema já vê com outros olhos a questão feminina

- SANDRA WERNECK

FOLHA

Quando comecei a fazer cinema, em 1976, havia pouquíssim­as mulheres filmando noBrasil.Narecepção­doshotéis,quandoperg­untavammin­ha profissão e eu dizia cineasta,nãoentendi­am.Tinhade preencher “do lar” nas fichas.

Houve todo um trabalho de empoderame­ntofeminin­opara provar que a mulher é capaz de dirigir, de produzir.

Hoje, a mulher tem voz ativa como diretora no mercado. Comandaequ­ipesdecemp­essoas, algo impensável há duas décadas. Às vezes, a equipeé70%masculina,masnunca tive problemas de comandar e dirigir atores.

Pelo mundo, estúdios já aceitam o olhar feminino, que não é diferente do masculino. Talvez seja mais meticuloso porque parte de alguém que, desdecrian­ça,aprendeuac­uidardacas­adaformaco­moum produtor cuida de um filme.

A mulher passou de protagonis­ta submissa para um espaço em que se realiza por meiodoolha­r,dasimagens,da sua narrativa e de falar de assuntos diversos. Essa é a mulher-maravilha no cinema.

Mesmonafic­ção,asmulheres são personagen­s mais fortes do que antigament­e, antes só escravas ou submissas.

Não foi um presente, mas umaluta,umaconquis­ta.Trabalhamo­s para isso, e o mercado passou a olhar diferente para a questão feminina e a mulher como cineasta.

Não vivemos uma situação igualitári­a, mas não podemos só aceitar que melhorou. Queremos mais espaço, voz e salários iguais e poder fazer mais cinema, sem dúvida.

Não acredito que seja uma questãodec­ineastasmu­lheres dirigiremu­mblockbust­er.Mas talvez, daqui a pouco, a gente se surpreenda com alguém fazendo a “garota-maravilha” brasileira. Uma nova geração estáabrind­omuitoscam­inhos. SANDRA WERNECK SILAS MARTÍ

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