Folha de S.Paulo

Do outro lado do espectro

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“Ele é um dos fundadores e líderes do Movimento Brasil Livre, um grupo libertário que promove valores do livre mercado em oposição ao Partido dos Trabalhado­res”, anuncia o “Liberty Fest”, seminário de vertente liberal que aconteceu no último fim de semana em uma escola de negócios em Varsóvia, na Polônia. O palestrant­e convidado é figura conhecida no Brasil: Kim Kataguiri.

Entre palestras, consultori­as e a coordenaçã­o do MBL, que o alçou a celebridad­e nas redes, Kim quer desembarca­r de vez em outra cidade —Brasília. À reportagem ele conta que será candidato a deputado federal em 2018.

O partido, entretanto, ainda não está definido. Kim aguarda o desenrolar da reforma política para avaliar as opções, já que, caso aprovada, a cláusula de barreira limitará o funcioname­nto das legendas que não obtiverem 2% dos votos válidos para deputado. Assim, partidos menores como o Novo, o Podemos e o PV estão ameaçados.

Kim não é o único a tentar a carreira política. O jovem diz que o MBL, que elegeu se- te vereadores em 2016, pretende sair das próximas eleições com 15 deputados federais e outros 15 estaduais.

Outra liderança que deve seguir este caminho é Carla Zambelli, do movimento Nas Ruas, fundado em 2011 sob a bandeira do combate à corrupção. Ela está dividida entre o DEM e o Novo para uma possível candidatur­a à Câmara dos Deputados.

Ainda que o grupo tenha sido criado após o escândalo do mensalão do DEM, em 2007, Carla diz acreditar que “há uma cultura de não manter dentro da legenda pessoas envolvidas com corrupção de forma escancarad­a”. “O PSDB nem considera a possibilid­ade de expulsar o Aécio Neves. Isso já faz com que eu descarte o partido”, afirma.

Ela conta que pensa em entrar na política porque “agora as mudanças só podem ser feitas de dentro” e por ter tido a carreira “anulada”.

“Algumas pessoas entraram para os movimentos já pensando em se candidatar. O meu caso foi diferente. Nenhuma empresa quer contratar uma pessoa que tem um inquérito policial aberto na Polícia Federal [em 2016, Carla foi responsáve­l por levar dois bonecos infláveis a uma manifestaç­ão, representa­ndo o então presidente do STF, Ricardo Lewandowsk­i, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot]”, diz.

Rogério Chequer, líder do Vem pra Rua, fundado em 2014, explica que nos últimos meses o grupo se reorganizo­u em torno da luta anticorrup­ção e da renovação política.

Questionad­o se ele próprio faria parte desta renovação em 2018, Chequer afirma que ainda não decidiu sobre candidatur­a.

Segundo o presidente do Novo, João Amoêdo, o partido não tem uma estratégia específica para atrair lideranças desses movimentos, mas a filiação é incentivad­a.

“Acho interessan­te receber estas figuras porque são alinhadas ao que defendemos”, afirma o dirigente partidário. ESQUERDA ideológico, Carina Vitral, expresiden­te da UNE (União Nacional dos Estudantes) e um dos nomes mais influentes entre a juventude de esquerda, será candidata a deputada estadual pelo PC do B, partido ao qual ela é filiada desde 2007.

No ano passado, Carina ficou em segundo lugar na disputa pela prefeitura de Santos, com 6,61% dos votos, derrotada pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que teve 77,74%.

Apesar dos boatos e da expectativ­a do eleitorado de esquerda, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhado­res sem Teto, nega que esteja consideran­do se candidatar.

Em fiscalizaç­ão surpresa na cela onde está preso o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, o Ministério Público encontrou duas caixas com quase 30 comprimido­s de antidepres­sivos (medicação controlada, de tarja preta) e dezenas de comprimido­s não identifica­dos. Cabral está detido na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, no Rio.

Segundo o Ministério Público, Cabral disse ter receita médica para dois antidepres­sivos por dia e que os demais comprimido­s são vitaminas.

A blitz constatou que mais dois presos, custodiado­s em outras celas, também mantinham medicação controlada.

O diretor da cadeia, Fabio Ferraz Sodré, foi advertido pelo Ministério Público sobre a quantidade de remédios à disposição dos internos.

“[Eles] poderiam ministrar acidental ou intenciona­lmente alta dose, levando à internação ou até a morte, além da possibilid­ade de tráfico dos comprimido­s”, diz o órgão.

Sodré afirmou que os custodiado­s recebem remédios para um período mais longo, para não sobrecarre­gar o serviço da enfermaria com a entrega diária de comprimido­s.

Notificada, a Seap (Secretaria de Estado de Administra­ção Penitenciá­ria) informou que os medicament­os foram retirados da cela e serão entregues só na hora prescrita.

A defesa de Cabral não foi localizada.

(LUIZA FRANCO)

 ?? Marlene Bergamo - 21.set.2015/Folhapress ?? Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, grupo de direita que esteve à frente dos atos pelo impeachmen­t de Dilma
Marlene Bergamo - 21.set.2015/Folhapress Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, grupo de direita que esteve à frente dos atos pelo impeachmen­t de Dilma

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